♉Capítulo 9 - Estratégias Áureas e Faíscas Vermelhas

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JISUNG

Jisung saiu do quarto vestindo um conjunto de coisas que nunca usaria em seu cotidiano. A começar pela calça jeans larga, rasgada e de lavagem estupidamente clara. Lembrava de ter visto alguns adolescentes vestindo coisas do tipo nas raras vezes em que ia aos parques da cidade, nunca pensou que fosse ver uma daquelas em seu corpo, apenas não combinava consigo. De um dos passantes da calça, pediam-se correntes que contornavam um dos bolsos dianteiros e caiam até o início da coxa. Na parte cima vestia uma regata preta, jaqueta de couro e nos pés coturnos de combate com a plataforma alta o bastante para adicionar uns bons cinco centímetros a sua altura nada impressionante.

A regata o fazia sentir desconfortável com os braços exibidos daquela maneira, mas nenhuma das outras camisetas de Han que encontrou pareciam combinar com a jaqueta de couro e existia uma parte de Jisung que considerava aquela peça fundamental em um encontro de motoqueiros, quase como um uniforme não oficial. A jaqueta cobriria os braços, então não era exatamente um problema. Mas o que o incomodava verdadeiramente não era a roupa de fato, mas a constatação de que mesmo que bagunçasse o cabelo e se adornasse dos pés à cabeça com correntes e couro, ainda parecia um impostor. Nada além de uma paródia bem pitoresca de um bad boy daqueles filmes americanos.

ㅡ Eu já estou envelhecendo nesse sofá, Hanji. ㅡ ouviu Minho gritar da sala.

Observou o seu reflexo uma última vez antes de abandoná-lo com um suspiro de derrota. Abriu a porta e se colocou para fora com os olhos mirando nada além dos pés. Não existia um grama de confiança em seu ser.

ㅡ Podemos ir. ㅡ manifestou-se.

Minho saiu do sofá em um pulo e pôde ouvir um "finalmente" ser proferido pelo outro. Ele parecia ansioso. As chaves e o capacete não pareciam ter saído de sua mão desde que deixou o quarto.

ㅡ O que aconteceu com a sua mão? ㅡ o motoqueiro perguntou, notando pela primeira vez a faixa branca que circulava e imobilizava o dedão de Jisung.

Os anos praticando artes marciais, o fizera expert em imobilização com faixas. Seja por se lesionar, seja para deferir golpes mais precisos sem causar lesões. Nenhuma das duas alternativas era a causa para a faixa em sua mão no momento, mas precisava de uma desculpa para não ter que pilotar a moto estacionada em sua garagem.

Antes que Minho chegasse para atrapalhar seus planos de descanso, a cabeça de Jisung trabalhava em um plano de ação muito detalhado de como interpretaria o papel de ser Han sem levantar suspeitas. Motos eram parte intrínseca da personalidade do sósia. Logo, interpretá-lo significava aprender a conduzir. Planejara iniciar suas tentativas no dia seguinte.

Mas isso fora antes de Minho aparecer em sua porta e o obrigar a improvisar. Agora tinha um dedo enfaixado e uma dor para fingir.

ㅡ Tendinite. Por causa do... trabalho. ㅡ quase se xingou pela pausa longa. Parecia tão convincente quanto um gato vestido de peixe, pescando em um rio. ㅡ Não consigo pilotar... ㅡ completou ainda assim.

ㅡ Então hoje seremos os dois caras em uma moto?

O menino Jeon não havia pensado tão longe. A cabeça se ocupou tanto em encontrar uma desculpa plausível para a incapacidade de pilotar que se esquecera que aquilo significaria ter de pegar carona com o motoqueiro mais uma vez.

Seu corpo se enrijeceu levemente com a ideia. Aquilo era uma grandessíssima bandeira vermelha, principalmente se levar em conta os últimos momento no quarto. Honestamente, Lee Minho inteiro era uma grande bandeira vermelha.

♈Sósia♉| MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora