♉ Capítulo 13 - Irrupções Consecutivas

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JISUNG

O céu laranja refletia nas feições decididas de Jisung. Abandonar a floricultura nos dez últimos minutos de expediente havia sido uma decisão definitivamente precipitada. A consciência não o alarmara do momento em que seguir uma pessoa com uma tatuagem tosca virara primeira prioridade em sua vida. Porém, mesmo com a decisão súbita, não se sentia incerto ou perdido.

O único fator choque naquela situação foi a facilidade com que convenceu Lee Minho a o seguir. Se soubesse que era preciso apenas aumentar o tom de voz para que o outro o obedecesse, já teria sido incisivo há tempos quanto a mania excessiva de toque que o motoqueiro expressava.

Talvez assim pudesse ter evitado alguns incidentes...

Ainda queria saber como diabos ele aceitara seguir, assim do nada e no meio da tarde, um estranho qualquer que tinha nada além que uma pequena tatuagem como pista incriminatória. Aquele menino era definitivamente descompensado da vida.

Lembrou-se de uma das conversas que tivera com Han. Eles haviam trocado algumas mensagens vez ou outra. Falando sobre senhas, assinaturas ou a respeito de como ligar uma moto. Em uma das conversas o sósia o dissera que naquele ramo investigativo, sempre descobrira muito mais seguindo sua intuição que planos lógicos.

Era isso o que Jisung fazia ali. Seguia a sua intuição fajuta.

A tatuagem era exatamente como se lembrava da de Aisha: uma flor qualquer bem ao centro do pulso direito. As feições de lince pareciam satisfeitas por recebe-la, quase como se simbolizasse uma conquista.

Jisung tinha uma boa memória. Lembrava dos traços finos e bem marcados pela tinta recente, diferente da do cliente estranho que tinha traços esparramados e mais desbotados pelo tempo. No seu âmago sentia que o que quer que fosse aquele grupinho particular, seguir o estranho era a chance de Jisung reencontrar a menina da Racha. E a sua parte sombria, assim como seu instinto dúbio, clamava por vingança.

Minho parou a moto metros atrás do carro, quando esse o fez. Estavam mais uma vez em uma parte da cidade totalmente inexplorada por Jisung, mas no momento a sua falta de conhecimento quanto a cidade natal não o importava. Ao menos não quando o homem estranho saia de seu carro, em direção a um galpão totalmente suspeito e escuro mesmo que os raios de sol ainda salpicassem o céu.

ㅡ Qual o seu plano dessa vez? ㅡ Minho perguntou, ao terminar de estacionar seu veículo em meio a vegetação ali perto para não serem pegos assim tão de cara.

ㅡ Reencontrar uma amiga. ㅡ Jisung respondeu, precipitando-se rapidamente para mais próximo do portão e avançando grades adentro quando esse fez menção de fechar-se por completo pela resposta automática.

O interior era como um estacionamento de veículos de carga. Via vários caminhões com capotas vazias e algumas caminhonetes desmanchadas. Recostou-se atrás de um deles, tentando não perder de vista o cliente e seu material de jardinagem que continuava seu caminho bons metros à frente.

ㅡ "Reencontrar uma amiga". O que diabos isso deveria significar? Você deve ter perdido o seu último senso com todos aqueles óleos essenciais da senhora Kim. ㅡ Minho sussurrou transtornado, acabara de se encostar ao seu lado. Mesmo com a indignação, parecia ainda perceber que a situação exigia a sua personalidade discreta. Já devia ter passado por muitas situações parecidas com Han.

Jisung o ignorou por completo. Estava mais preocupado em seguir o homem que se afastava cada vez mais garagem adentro. Minho não se pronunciou mais conforme avançavam de caminhão em caminhão.

♈Sósia♉| MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora