♈Capítulo 7 - Cargo Efetivado ♉

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HAN

O céu se apagava como uma vela no escuro. O alaranjado do crepúsculo era lavado pelo profundo do azul naval da noite que tinha o seu brilho totalmente ofuscado pela película de fumaça e poluição que já era natural para os habitantes daquela cidade. Às margens do rio, Han apoiava os cotovelos nas grades de gesso que separavam a rua da água corrente. Na outra margem, podiam-se ver as luzes da cidade acendendo-se uma por uma e Han as contava. Era como presenciar a montagem de uma árvore de natal no momento que se conectava a tomada.

Seul era linda pela noite, apesar dos pesares. Mas sua contemplação era muito mais para aliviar a ansiedade que de fato para admirar a cidade. O que iria propor a Jisung era tão arriscado que ele mesmo havia questionado a própria sanidade algumas milhares de vezes, durante as dezenas de minutos que se passaram desde a ligação. Mas não havia o que fazer além de esperar. Então esperou.

ㅡ Boa noite. ㅡ ouviu atrás de si.

Virou-se nos pés na mesma velocidade em que perdeu a conta das luzes que se acendiam. Estava em cento e sete ou cento e oito? Não importava mais de toda forma.

ㅡ Boa noite. ㅡ repetiu receoso. O menino diante de si parecia igualmente nervoso, mas talvez por um motivo bem distinto. Levava na cabeça um boné preto com uma estampa questionável e o capuz do casaco de moletom cobria a parte de trás de sua cabeça assim como o topo do boné. Era possível reconhece-lo somente se chegasse próximo o bastante. Se a ideia era se esconder, ele não estava para brincadeira ㅡ Qual é o banco que vamos assaltar hoje?

ㅡ O quê?

ㅡ Você está tão vestido que pensei que cometeríamos algum crime.

ㅡ Se chama precaução. Na última vez que fomos vistos juntos, um de nós quase foi sequestrado.

Han olhou o arredor, fingindo vigia.

ㅡ Não parece ter ninguém à espreita por aqui. Acho que você está seguro no ponto mais movimentado de Seul. ㅡ disse sarcástico.

ㅡ Também parecíamos seguros em um ponto badalado de Hongdae.

ㅡ Primeiro, ninguém mais usa a palavra "badalado" nessa década. Segundo, se a sua intenção é não chamar a atenção, está fazendo um péssimo trabalho com todas essas camadas de roupa em plena primavera.

Jisung bufou exasperado e retirou as camadas irritado. Puxou o capuz com força e arrancou o boné em um puxão.

ㅡ Feliz? ㅡ expressou-se nervoso, já com o rosto descoberto e depositando o boné nas mãos do outro.

Han aceitou o objeto levemente desnorteado.

ㅡ Uau. ㅡ disse. ㅡ Você é realmente a minha cara. ㅡ pontuou, movimentando o pescoço para observar o outro em mais ângulos. ㅡ Óbvio que eu sou bem mais bonito, mas a semelhança é absurda.

ㅡ Não me diga. ㅡ Jisung se pronunciou, já estava cansado. ㅡ Se me chamou aqui apenas para falar o óbvio e me meter em mais problemas, acho melhor só irmos para nossas casas logo e esquecer toda essa maluquice.

ㅡ Não. ㅡ disse, talvez mais desesperado que deveria. ㅡ Você deveria me escutar antes de tomar qualquer decisão.

ㅡ Nós trocamos de lugar por engano. Você viveu a minha vida por um dia. Eu vivi a sua por um dia e, honestamente, já tive o bastante do Han pelas últimas horas. Não existe uma decisão a ser tomada. Foi um mal entendido. Vamos apenas voltar para nossas vidas normais e fingir que nada dessa loucura aconteceu. ㅡ se pronunciou cansado. ㅡ Não tem nada que você possa me dizer, a não ser que, sei lá, você queira ficar trocado. O que não faz o mínimo sentido. ㅡ Jisung disse e a feição que Han o mostrava dizia que ele havia acertado. ㅡ De jeito nenhum. Não existe a mínima possibilidade ㅡ declarou.

♈Sósia♉| MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora