Os Retalhos No Milharal

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メメメメメメメ𓅰メメメメメメメ

Quem sabe o que planta
não teme a colheita.

Lavínia Lins

メメメメメメメ𓅰メメメメメメメ

A caminhonete derrapou ao chegar na estrada de terra, vibrando como se resmungasse para voltar ao asfalto, os faróis danificados iluminavam pouco a frente. Moana e Elisa seguiram pela estradinha até um pequeno morro, onde, dando uma ré, estacionaram o automóvel acima de uma plantação de milho. Lá de cima, deitadas na carroceria, iriam assistir a uma chuva de meteoros.

A notícia da queda de meteoros atraiu muita gente para a cidade. Um velho doido agarrou Elisa pelo braço mais cedo, quando ela saia do colégio e ficou dizendo que os meteoros traziam energias siderais desconhecidas. Moana havia dado um pescotapa tão forte nele, que ele havia cambaleado até o meio da rua.

Elisa ainda estava lembrando da cena, enquanto forrava a carroceria com cobertores, Moana não demorou para esticar o braço até a garota ao seu lado e a puxar pela cintura, ao seu encontro.

Entre beijos e carícias, ela se colocou sobre Elisa de pernas abertas e a encarou. – Certeza que tá pronta pra isso? – sussurrou, enquanto uma das mãos se enfiava, curiosa dentro do decote da loira.

– Sim, só esse cheiro que tá me incomodando.

Moana abriu a boca para perguntá-la mas o cheiro forte e metálico entrou rasgando pelas narinas.

– Ah, esse cheiro. – Ela prendeu o cabelo cacheado em um coque. – Deve ser do tanto de agrotóxico que o povo joga por aqui. Já já tão criando um monstro do pântano.

Moana começou a rir, mas parou imediatamente quando a namorada a encarou. – Desculpa.

Elisa assentiu e ergueu a parte superior do corpo para beijá-la, logo sua blusa e sutiã já tinham sumido, para dar a outra uma boa visão de seus seios.

A noite começava a fechar-se em completo breu, enquanto Elisa, com a calcinha afastada para o lado, gemia, receptiva aos dedos que a invadiam.

E, em um vaivém de corpos, gemidos arrastados e beijos fervorosos elas ouviram ao mesmo tempo, não sabiam se longe ou perto, o barulho inconfundível de algo se movendo no milharal.

Se ergueram juntas com os olhos arregalados, Elisa mais assustada tremendo pela possibilidade de ser 'coisa do outro mundo'. Moana, cética, vigiava a plantação correndo os olhos a procura de algum pervertido. Do outro lado do milharal havia um campo largo, com algumas ruínas pequenas de uma contrução, que na meia claridade lembravam um cemitério.

De repente, elas viram algo se mexendo do meio da plantação, chacoalhando os pés de milho em volta. Era um homem - se fosse mesmo um homem - absurdamente alto, mas, como estava escuro, elas não podiam enxergar com clareza.

Estava atravessando a plantação a passos largos, meio entortado, vindo na direção delas. O vento, sabe se lá de onde tinha vindo arrepiou a pele desnudada das duas.

– Vai ver é algum tarado punheteiro tentando espiar a gente de perto – Moana falou, mas seu tom não passava confiança.

– Seja o que for, eu prefiro não estar aqui pra saber.

Elisa estava terminando de vestir suas roupas quando disse isso, o que acabou irritando Moana, que não gostou da interrupção do estranho. Foi então que ela cometeu um erro. – Ei cuzão, tem um 38 aqui carregado esperando você! – A voz quase falhando ecoou pela escuridão.

Então a coisa ergueu a cabeça de uma vez e olhou para elas. Não tinha bem olhado, pois não se via os olhos daquilo, apenas um brilho esbranquiçado lá no fundo de dois recôncavos ocos e escuros.

Permaneceu um tempo parado no meio do milharal olhando para cima. E depois, súbito, como um raio, saiu rastejando numa velocidade arrepiante.

Fosse o que fosse, as garotas correram para dentro da cabine, apavoradas, enquanto o barulho de pés de milho sendo destroçados se aproximava e Moana ainda nua, tentava dar a partida na caminhonete que tossia um rum-rum-rum engasgado.

Pelo retrovisor viu aquela coisa subir o morro rapidamente, andando torto, um pé depois do outro, até chegar bem perto. Era alto e esticado, como os pés de milho e tinha uma feição medonha, então, num instante de distração ele sumiu.

Moana permaneceu imóvel, esforçando-se para ouvir alguma coisa, mas não escutou nada além do clique-clique das chaves e o rum-rum do motor.

Até o vento, que sentiram a pouco tinha se escondido acuado.

Então na janela do motorista apareceu o rosto ulcerado e podre daquilo, que parecia estar coberto por retalhos de roupas rasgadas e tinha um pequenochapéu pontudo.

E, sem muito esforço, a coisa arrancou a porta.

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Mordidas: Contos Estranhos, Eróticos e GrotescosOnde histórias criam vida. Descubra agora