A Cobra Que Devorou As Maçãs De Eva

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メメメメメメメ𓆙メメメメメメメ

A fome não é exigente: basta
contentá-la; como, não importa.

Sêneca

メメメメメメメ𓆙メメメメメメメ

O carro parou de forma brusca no estacionamento daquele motel que ficava na saída de Vila-Amora. A letra L piscava no letreiro rodeado de mariposas.

Cruzamos por uma fileira de vagas vazias e acompanhei Lauro até a recepção com piso de cimento queimado e devidamente lustrado. A moça baixinha e muito bronzeada sentada na recepção ao lado de um ventilador velho e um rádio pequeno no balcão, permaneceu com os olhos grudados em uma revista cuja capa exibia o cantor Shawn Mendes.

Permaneci na soleira da porta, o barulho do ventilador era engraçado e escutei o trecho de uma música vindo do rádio: One way or another. I'm gonna get ya, get ya, get ya, get ya.

Lauro pediu um quarto para passar a noite. A moça passou os preços e pediu que ele pagasse adiantado caso não quisesse deixar algum documento, falou num tom caso-tenha-algo-a-esconder, mas sem tirar os olhos da revista.

– Eu pago!– Lauro respondeu ansioso, já que realmente tinha algo a esconder, e por impulso afastou a mão com a aliança do balcão logo depois de colocar duas notas de cem sobre ele.

Com um nariz largo e um coque mal feito preso com um elástico amarelo no topo da cabeça, a garota no balcão ergueu o rosto de forma indiferente para alcançar a chave que estava em um mural repleto delas.

Teve tempo de falar que eu parecia com a Sheron Menezes, mas imaginei que era uma tentativa de parecer simpática. Então girou na cadeira, entregou a chave e voltou a ler a revista e nos ignorar de uma forma atenta, bem como minha mãe fazia quando eu estava por perto: atenta o bastante para me impedir de fazer algo errado, mas indiferente o bastante para não ligar para o que eu fazia.

Contornamos a recepção, Lauro me entregou a chave e voltou para o carro. Hesitei, imaginando o que ele poderia ter esquecido. Enquanto pensava nisso, me dei conta de um barulho baixo do tilintar de outras chaves vindo da lateral de um dos vários quartos de dois andares que se estendiam em uma fileira.

Receosa, apertei a visão e então distingui a silhueta de um homem sentado duas portas à esquerda do nosso quarto. Estava fumando num lugar escuro aonde as luzes encobriam seu rosto, mas o brilho do cigarro sendo tragado era constante, senti que ele me olhava, pensei em dizer algo mas senti as mãos de Lauro pressionarem minha cintura. Sua respiração era um balançar quente e acelerado em minhas costas.

– Tá olhando o quê?

Quando voltei a olhar para onde havia visto a silhueta, já não havia ninguém. Mas a bituca amassada de um cigarro ainda soltava as últimas faíscas no chão.

Apressadamente, assim que pus os pés naquele quarto mal iluminado, Lauro me agarrou por trás, apalpando-me e atirou minha bolsa para longe. Cheirava a cigarro e aquela ereção inquieta vinha pressionando minhas costas desde o estacionamento.

– Me ajuda com o vestido, bebê. – Pedi, manhosa, estreitando os olhos como um felino. Ele assentiu, os cachinhos ruivos balançando sobre seu rosto branco descorado. Então deslizando o zíper para baixo, deixou cócegas fervorosas na minha pele. Meus seios saltaram fora, conforme o aperto em meu corpo afrouxava. Livrei-me dos saltos logo em seguida.

Mordidas: Contos Estranhos, Eróticos e GrotescosOnde histórias criam vida. Descubra agora