♟ Capítulo X: apenas uma peça pode restar no jogo ♟

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Louise secou as lágrimas com as costas da mão, sem prestar atenção nas cinzas que se espalharam por seu rosto.

Uma espada ficava guardada atrás do trono. Ela tinha certeza. A garota se levantou, quase tropeçando nos próprios pés, e começou a procurar. Sua garganta ardia pela fumaça e os olhos estavam tão úmidos que turvavam sua visão, mas ela conseguiu localizar a arma, puxando-a para si.

O metal estava tão quente que queimou suas palmas, mas Louise não soltou a espada. Precisava encontrar alguém.

***

A garota caminhou pelos corredores, com o olhar firme. A espada em suas mãos era pesada e ainda ardia, mas ela segurava com os punhos cerrados.

– Izzy? – uma voz chamou. O dono dela estava oculto nas sombras, mas Lou sabia quem era. Só uma pessoa a chamava assim. Ele não tinha o direito. – Me desculpe – ele continuou, se aproximando.

Porém, Louise manteve a espada firme e a apontou para o peito de Isac. Ele parou no lugar, levantando as mãos como se pedisse para a princesa ter piedade. Um gesto de rendição.

Ele devia achá-la uma grande inepta se acreditava que cederia com apenas um pedido de desculpas.

– Não. – As lágrimas voltaram a escorrer por seu rosto, mas sua voz era firme. – Eu não acredito que você...

– Ah, Iz, nós poderíamos ter evitado isso. Talvez, se você...

Ela franziu a testa, apontando a espada para ele. Alguém tinha que pagar pela destruição que causara.

– Não se atreva a colocar toda a culpa em mim. Eu não fiz isso.

Isac empalideceu, mas não disse mais nada.

Por quê? Por que infernos...

– Por que esse era o meu dever.

Ele fez menção de continuar falando, mas Louise não queria mais ouvir. Com o semblante sombrio e a raiva queimando tanto quanto o aço em suas mãos, ela enterrou a espada no estômago do Príncipe antes que ele pudesse revidar.

Isac arfou – ou tentou –, o sangue manchando as roupas e escorrendo pela lâmina. A garota puxou a arma de volta para si, e ele caiu de joelhos, tentando interromper o sangramento com as mãos.

Ele não merecia nem mais um olhar, e ela precisava fazer alguma coisa. Proteger o que ainda restava. O sangue que manchava suas mãos não era sua maior preocupação.

Com passos firmes, a Princesa continuou andando pelo corredor. E não olhou para trás.

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