Louise secou as lágrimas com as costas da mão, sem prestar atenção nas cinzas que se espalharam por seu rosto.
Uma espada ficava guardada atrás do trono. Ela tinha certeza. A garota se levantou, quase tropeçando nos próprios pés, e começou a procurar. Sua garganta ardia pela fumaça e os olhos estavam tão úmidos que turvavam sua visão, mas ela conseguiu localizar a arma, puxando-a para si.
O metal estava tão quente que queimou suas palmas, mas Louise não soltou a espada. Precisava encontrar alguém.
***
A garota caminhou pelos corredores, com o olhar firme. A espada em suas mãos era pesada e ainda ardia, mas ela segurava com os punhos cerrados.
– Izzy? – uma voz chamou. O dono dela estava oculto nas sombras, mas Lou sabia quem era. Só uma pessoa a chamava assim. Ele não tinha o direito. – Me desculpe – ele continuou, se aproximando.
Porém, Louise manteve a espada firme e a apontou para o peito de Isac. Ele parou no lugar, levantando as mãos como se pedisse para a princesa ter piedade. Um gesto de rendição.
Ele devia achá-la uma grande inepta se acreditava que cederia com apenas um pedido de desculpas.
– Não. – As lágrimas voltaram a escorrer por seu rosto, mas sua voz era firme. – Eu não acredito que você...
– Ah, Iz, nós poderíamos ter evitado isso. Talvez, se você...
Ela franziu a testa, apontando a espada para ele. Alguém tinha que pagar pela destruição que causara.
– Não se atreva a colocar toda a culpa em mim. Eu não fiz isso.
Isac empalideceu, mas não disse mais nada.
– Por quê? Por que infernos...
– Por que esse era o meu dever.
Ele fez menção de continuar falando, mas Louise não queria mais ouvir. Com o semblante sombrio e a raiva queimando tanto quanto o aço em suas mãos, ela enterrou a espada no estômago do Príncipe antes que ele pudesse revidar.
Isac arfou – ou tentou –, o sangue manchando as roupas e escorrendo pela lâmina. A garota puxou a arma de volta para si, e ele caiu de joelhos, tentando interromper o sangramento com as mãos.
Ele não merecia nem mais um olhar, e ela precisava fazer alguma coisa. Proteger o que ainda restava. O sangue que manchava suas mãos não era sua maior preocupação.
Com passos firmes, a Princesa continuou andando pelo corredor. E não olhou para trás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coroa de Sangue
RomanceO Reino está em guerra, e a única chance de vencer está nas mãos da Princesa Louise, mesmo que ela preferisse manter as batalhas no tabuleiro de xadrez. A garota está pronta para ceder ao seu dever, mas se vê em um dilema que pode mudar tudo: cumpri...