♟ Capítulo V: movimento arriscado ♟

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A resposta de Louise não chegou a tempo. O que não era exatamente um problema. Isac pediu para que Rosa e Arvid se infiltrassem na coroação de Ilah, e disse que faria o mesmo. Não era uma mentira muito nociva, imaginou.

Pelo que descobriu no dia anterior, seu irmão compareceria ao evento assim que os sinos da torre soassem. Apesar dos preparos de última hora, estava quase tudo se saindo de acordo com o plano.

Com um sorrisinho para o espelho, Isac fechou o último botão dourado do casaco. Jamais admitiria, mas sentira falta das roupas elegantes de Corte. Tinha sorte que ele e Ilah vestissem o mesmo tamanho.

Era hora de ir.

***

O salão estava cheio, todos cochichando em expectativa para a celebração após os eventos oficiais. A Rainha de Seasan faria a coroação, o único empecilho possível para Isac. Porém, ele era muito persuasivo.

Quando os sinos finalmente badalaram, e as portas duplas se abriram, ele entrou. Foi recebido por olhos arregalados e testas franzidas, expressões que foram seguidas por um burburinho ainda maior do que antes. Ótimo. Esperava que a notícia se espalhasse rápido.

Isac parou no lugar que Ilah pararia, mas, em vez de se ajoelhar e esperar o adorno dourado ser colocado em sua cabeça, ignorou a mãe e se virou para os convidados.

– Sei que estive fora do reino nos últimos anos – ele disse, levantando a voz. Com isso, a maioria das outras vozes se calou. – Isso se deu devido a minha expulsão de Seasan, após minha tentativa de proteger nossos exércitos de uma luta que perderíamos.

Ninguém reagiu. Nenhum dos guardas tentou atacá-lo, nem mesmo Marcus. Sabiam que, se o fizessem, estariam sustentando seu discurso.

– E, como bem sabem, eu estava certo. Porém, não desisti do meu povo. Voltei ao meu reino porque ainda acredito no meu dever de proteger a todos nós. Mesmo que esse dever me tenha sido negado. Sei que esperavam hoje a coroação de meu irmão, Ilah, mas meu exílio não apagou o fato de que sou o primogênito, e governar está no meu sangue e na minha educação desde o nascimento.

Isac passou os olhos pela multidão. Tinha apenas mais um movimento – como Louise diria –, e devia ser preciso. Se não funcionasse, tudo estaria perdido.

– Se vocês, meu povo, me rejeitarem a posição, aceitarei sua decisão. Mas nunca vou deixar de lutar por Seasan.

Um, dois segundos de silêncio. Era um mal sinal? Ele imaginou quanto tempo seria necessário para chegar até as portas e sumir antes que começassem a atacá-lo.

Uma salva de palmas irrompeu, cortando o silêncio e dissipando sua dúvida. Em meio à distração, um falcão voou para dentro e pousou no braço de alguém. Arvid. Tarde demais, de qualquer forma.

– Então, que continuemos com a celebração! – Isac finalizou, levantando a voz para ser ouvido.

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