Agridoce

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Percebi no meu aniversário de quinze anos que minha resistência para bebidas alcóolicas basicamente não existe, por isso evito beber demais para não dar trabalho e muito menos ter que lidar com uma ressaca enorme no dia seguinte, mas eu cheguei na casa do Gaara tão cansado que ignorei minhas escolhas.

Não foi fácil aguentar aquela detetive de olhos claros exigir por duas horas seguidas que eu me lembrasse desse dia a qualquer custo, embora ela tenha negado me mostrar as filmagens. Eu estava frustrado e achei que dormir seria uma saída melhor do que ficar resmungando e remoendo o desejo de voltar para a delegacia e cortar o cabelo comprido daquela mulher, e o único sonífero disponível naquele momento foi a cerveja que Gaara nos trouxe.

Felizmente eu dormi rápido e não tive tempo de falar muita bobeira, infelizmente acordei tão rápido quanto adormeci. Itachi tirou alguns fios do meu rosto com gestos tão simples que me lembravam cócegas. Depois de segurar seu dedo, juro que tentei dormir novamente, mas a conversa deles me deixou desperto apesar dos meus olhos fechados

Depois que Sasuke saiu, ele se aconchegou mais à mim, ajeitou meu cabelo mais uma vez e me abraçando por trás apertado e quase sufocante. Minha ideia inicial era continuar com os olhos fechados e tentar dormir novamente, mas meu coração estava num ritmo tão frenético que ele sentiu quando me abraçou.

-Nós te acordamos?

-Eu acordei quando você mexeu no meu cabelo - Eu lhe dei essa resposta ambígua, não tive coragem de contar que ouvi a conversa deles.

-Desculpe, meu senhor.

Por mais que ele tenha falado calmo como sempre, eu estava um pouco atento depois do que ouvi e percebi, um pouco tarde demais que sua voz parecia de fato bem cansada.

-Não é sua culpa, Itachi.

Me sentei na cama e alonguei os braços para ganhar algum tempo e decidir o que fazer agora. Seria rude demais questionar diretamente ou exigir suas respostas sobre uma conversa particular, mas infelizmente eu não podia simplesmente ignorar aquelas palavras que ecoavam na minha cabeça.

Quem diabos era Jaime?

-Meu senhor não quer dormir mais um pouco?

-Na verdade, eu estou com um pouco de fome - Me levantei em seguida e o puxei junto - E você?

-Eu comeria agora.

-Vamos ver o que tem na cozinha.

Seguindo pelo corredor, senti minha cabeça ligeiramente mais leve que o normal e apenas uma dorzinha irritante atrás dos olhos, parece que sairei sem grandes sofrimentos dessa vez. Antes mesmo de terminar de sorrir, eu me lembrei mais uma vez do que eu ouvi e as palavras de Sasuke martelando no meu coração me congelaram no lugar.

Itachi parou no degrau na minha frente quando eu puxei sua mão. Nós temos quase a mesma altura e sempre nos olhamos com facilidade, porém nesse momento que ele parecia menor do que eu pude ver as coisas que tanto preocupavam Sasuke. Abaixo dos seus olhos meias-luas num tom arroxeado estavam se formando bem sutilmente, pareciam uma mancha aquosa de uma tinta negra na sua pele clara, e além disso, desde quando suas sobrancelhas ficam tão apertadas?

-Está passando mal?

Eu neguei algumas vezes e em seguida o puxei e o abracei, mas foi pouco e apertei mais ainda os seus ombros, tão fortes quanto eu conseguia.

-Meu senhor, o que foi? O que está sentindo?

O que estou sentindo são emoções agridoces que me deixam confuso e com remorso - Quis lhe dizer em voz alta mas só consegui olhar para o brilho cintilante dos seus olhos - Eu estou tão feliz por você se preocupar comigo que eu quero sorrir como um bobo, mas quando me lembro do quanto isso te custa, quero chorar como uma criança pequena. Eu quero te manter ao meu lado, mas também não quero ser a causa da sua exaustão. Como colocar isso em palavras sem ser extremamente arrogante ou completamente miserável?

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