Ravenmaster

Chamas azuis no céu negro

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Eu estava deitado em uma superfície reta e confortável, um cobertor estava no meu corpo e o vento frio não me incomodava nem um pouco, o tato foi o primeiro sentido físico que retornou. Com os olhos fechados, estiquei meus braços e pernas e os senti um pouco pesados pela falta de uso, todavia meu corpo estava em perfeito estado. Mesmo passando cinco anos deitado aqui, eu não tive nenhuma ferida de pressão graças aos cuidados diários dos meus pais.

Depois, eu senti um cheiro inconfundível de temperos carregados pelo vapor que fizeram minha boca salivar. A comida no palácio da Freyja era deliciosa, mas ao sentir o cheiro do meu amado lámen, meu estômago se contorceu em desejo.

Ouvi uma pessoa caminhar de volta para o salão onde eu estava e cada passo fez meu coração bater mais forte. Eu pensei rapidamente em como o receber e percebi que nenhuma das ideias eram boas o bastante. Por fim, eu só me sentei e o esperei aparecer.

Itachi caminhou de cabeça baixa e mexendo o copinho com um garfo, alheio a minha presença.

-Eu confisquei isto da casa do Gaara antes de vir para cá. Ele comprou um pacote porque meu irmão está se recusando a fazer comida desde uma briga sem sentido entre eles - Itachi suspirou alto e por fim ergueu a cabeça para o altar onde eu estava - Francamente, tem horas que eu...

Levou essas cinco palavras para ele perceber que eu estava sentado o observando. Ver ele deixou tudo mais claro em minha mente.

Com milhares de emoções libertas de uma vez, eu não soube o que dizer. Nos olhos escuros, encontrei todos os sentimentos e memórias que eu perdi: gratidão, vergonha, saudades e intensa alegria e principalmente um amor infindável. Eu falhei em achar palavras, mas acredito que meu sorriso e minhas lágrimas foram mais eloquentes que qualquer discurso ou canção de amor.

Itachi fechou os olhos e assumiu uma expressão exasperada. Ele apertou a ponte do nariz e esfregou algumas vezes - Por favor, se for mais um sonho...

-Não é um sonho dessa vez.

Minhas cordas vocais pareciam cordas enferrujadas de um violão, minha voz saiu dolorosa e estridente, mas foi o suficiente para ele abrir os olhos outra vez. Aquele olhar que continha o brilho cintilante de todas as estrelas do céu me atingiu em cheio. Ele tremeu sutilmente e ele soltou o copo de lámen.

Não sei o que deu em mim, eu só reagi e pulei em sua direção para pegar o copo antes de todo seu conteúdo se perder no chão. Eu consegui salvar o lámen mas custou a firmeza nos meus joelhos.

Sem força alguma, eu teria caído no chão se Itachi não tivesse me segurado, uma mão ao redor do meu ombro e outra na minha cintura. Parece que ao me tocar o seu tremor aumentou de intensidade.

-Obrigado, Tachi.

Ele ainda me olhava com uma expressão complicada e não falou nada. Eu comecei a me preocupar com ele ter entrado num estado catatônico quando ele segurou de ambos os lados do meu corpo e colou a orelha no meu peito. Eu toquei suas costas de cima até embaixo com a mão livre enquanto ele ouvia o martelar trovejante do meu coração.

Ficamos cinco anos separados, mas assim que ele percebeu que não era um sonho cruel, não levou nem cinco segundos para sua boca se colar na minha, dessa vez para nunca mais se separar.

Itachi me beijou insaciavelmente e parecia decidido a não me soltar nem mesmo para que eu respirasse um breve segundo sequer. Sempre que eu me afastava um pouco que fosse, ele mordia meu lábio e me subjugava novamente. Eu não reclamei nem quando senti minha boca adormecer ou arder pelas mordidas, mas uma reação involuntária do meu corpo o fez congelar.