Ravenmaster

Rubro luar

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O salão dourado vibrava suavemente devido o som alegre do banquete farto e saboroso. Os pilares cilíndricos deveriam ter cinco metros de altura, tornando esse lugar mais amplo e majestoso. Esses pilares sustentavam um teto de ouro, prata e algumas pedras reluzentes que formam arabescos e flores tão delicadas e precisas que criavam a ilusão de estarem mexendo junto com cada passo.

As mesas maciças de cerejeiras eram mais do que suficientes para os presentes, todos poderiam se sentir à vontade no salão. Cada mesa possui veias ou sulcos talhados por toda sua superfície que eram preenchidos por ouro rosê como os caminhos sinuosos de rios pacíficos. Eu gosto de sentar na mesa mais a direita a partir do centro do salão, nela os desenhos em ouro rosê me lembram o rosto de uma raposa e eu perco uma considerável parte da conversa ao meu redor traçados as linhas com os dedos.

Desde que eu acordei nesse mundo de ouro sem memória nenhuma, eu me acostumei com as mudanças quase diárias na aparência de Freyja. Hoje sua forma é de uma mulher loira e alta, vestida num simples vestido branco e longo que marcavam suas curvas. No começo, essas mudanças me deixavam bem confuso, mas depois de observar, acredito que cada aparência é um reflexo de uma parte da sua personalidade.

Por exemplo, a loura sentada confortavelmente no trono de ouro emanava, tal qual o doce aroma de um perfume, sensualidade e vaidade, além de trazer nos olhos dourados as mais afáveis promessas de amor. Mas hoje, acredito que Freyja não queira nenhum prazer além do da boa comida e da música, já que o banquete estava no fim e ela ainda não tinha arrastado para longe o homem alto de cabelos claros, sorriso doce e olhos tempestuosos que lhe olhavam com grande afeto. Era um homem muito atraente, até a cicatriz no seu olho esquerdo contribuía para sua beleza.

Eu me diverti um bom tempo com as pessoas ao meu redor, ouvindo a história dos homens e mulheres salvos por Freyja enquanto desejava ter minhas próprias histórias para contar. Quando a lua chegou ao ponto mais alto no céu, eu me retirei para o meu quarto.

Outra coisa com a qual me acostumei desde que acordei nesse reino de luz é sonhar com um céu escuro no qual eu dançava sobre a claridade quase translúcido de um rubro luar e o som do bater forte de asas tão escuras quanto jade, uma voz harmoniosa me chamado respeitosamente.

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Acho curioso a disposição da deusa guerreira pelo ouro, até mesmo a vassoura que eu uso para limpar a bagunça do grande salão é de ouro, as cerdas me lembram fios sedosos de cabelos. Depois de terminar minhas obrigações, me apoiei na parede externa do palácio dela observando os campos até onde minha visão alcançava.

Entre o palácio e o campo de treino, passava um rio que formava um redemoinho que segundo meus colegas, permitia ver alguma parte dos nove reinos. Freyja não me explicou como ele funciona e eu também não perguntei, eu temo ver esse redemoinho, o desconhecido me assusta um pouco, mas hoje fui carregado pela brisa até lá e depois de uma longa respiração eu olhei para o centro do redemoinho.

Era a imagem de uma colina verde decorada com cerejeiras em plena flora, e um templo simples de calcário gravado com runas e padrões de redemoinhos. O caminho pela colina não tinha nenhuma erva daninha e um casal caminhava por ele sendo seguidos de perto por uma pequena raposa. Eu não conseguia ver o rosto deles, mas toda sua postura me fez sentir uma tristeza inundar meu coração.

-Matando o treino novamente, mocinho?

-Porra!

Levei a mão ao coração tão acelerado que até doía, odeio com todas minhas forças quando Freyja me assusta assim. Hoje ela está com os cabelos ruivos presos por presilhas de ouro e flores verdadeiras, um pouco mais baixa que eu e com uma luz perigosa nos olhos castanhos. Essa é a aparência da deusa guerreira, a forma corajosa e impetuosa que ela usa para treinar as Valkírias e os soldados.