- Acha que eu deveria estar feliz? Quando você diz que vai arrasar o meu reino?- Anya estava furiosa, Darkus nunca a vira assim.
- É preciso, Anya, é o único jeito de vencermos essa guerra, e agora é meu papel concretizar isso.- Darkus tentou lhe dizer, havia feito uma escolha.
- É seu papel destruir vilas? Matar inocentes assim como os monstrios fizeram com vocês? Eu queria paz, Darkus, não um outro massacre.-
Darkus fechou os olhos com força, suspirou com força e confusão. Não sabia oque dizer à amiga.
- Anya, não se faz guerra com pombos brancos e cartas, eu não quero isso mas vou ter que fazer. Vou focar no exército do Duque, mas ainda tenho que alimentar esses meus soldados. Pilhagem é inevitável.- A responsabilidade lhe pesava às costas como uma bigorna.
A garota demônio parecia que iria bater nele, mas oque fez foi segurar o rosto com as mãos e chorar. O bastardo não pôde fazer nada, além de a abraçar e deixar ela derramar as lágrimas sob seu ombro.Uma carta havia retornado de Adelard, tendo sido trazida às pressas por um mensageiro que cruzara o rio à nado. O homem fora recompensado, e então Darkus leu o papel na frente de Aelin, Aella, Rymond e Dunceon.
" Para Darkus
Quatro mil homens de Santigar, não conseguimos atravessar com cavalos. Precisamos de pontes. Aguente os exércitos de Messaria até chegarmos.
Adelard de Hangleton"- Definitivamente Adelard é uma pessoa bem direta...- Murmurou o bastardo.
Rymond riu, mas Aella olhou a carta e a leu com seus próprios olhos. Colocou o papel sob a mesa, estavam em uma sala de pedra entre os túneis, muito menor que a da reunião.
- Mais homens se reagrupam aqui, com Adelard teremos vinte e um mil homens. Mesmo assim, precisaremos de comida para tantos cavalos, e também para os soldados.- Disse a guerreira.
Dunceon grunhiu com a dor de sua perna ruim, mas não demorou para dar seus conselhos e notícias mórbidas.
- Messaria reúne vinte mil homens para nos perseguir e perseguir Adelard, uma tropa desorganizada, mas um exército é um exército. Seus celeiros estão em Dentestrela, suprimentos para alimentar por um ano uma tropa assim.- Contou, Darkus teve um arrepio de mal agúrio.
- Qual é a fonte dessa informação, Dunceon?- Questionou Darkus, colocando a mão sob o tampo da mesa. Precisavam achar o resto dos aledracos e rápido.
A bruxa, inesperadamente, foi quem falou. Aelin de Vestroya vestia um manto azul escuro, com um relevo parecido com ramos de árvores se entrelaçando como uma complexa rede. Os olhos vermelhos faiscavam, emoldurados pelas mechas de cabelos longos.
- Foram escravos desertores, fugidos das tropas dos monstrios. Eram justamente cativos em Dentestrela, passaram anos lá.-
Darkus ficou em silêncio, sentia os olhares em cima de si, era seu primeiro teste como líder do exército. No fundo queria gritar e chamar por Gerald mas, em um balde de água fria, lembrou que o cavaleiro nunca mais iria tomar a frente por ele.
- Mandem sessenta cavaleiros percorrerem a Messaria em busca de reunir os aledracos nas proximidades daqui, libertarão também comboios de escravos pouco protegidos. Adelard irá buscar custe oque custar alguma ponte em alguma vila, ou então abriremos para ele a de Messaria.- Declarou Darkus, recebendo murmúrios de aprovação.
Finalizou ali a reunião, e cada um deles saiu sem dizer uma palavra. Notara-se a ausência de Anya, que ficou em seus aposentos, Darkus não iria contar o motivo.
Ao se dirigir à porta, olhou para trás e viu que não seria o último à sair.- Darkus, eu disse que está destinado à grandes feitos, e cada dia fico mais impressionada.- Elogiou, sorrindo. Parecia feliz com alguma coisa.
Darkus não se deixou acreditar naquela alegria e nesse excesso de elogios.
- O que você quer?- O bastardo não tinha tempo para bajulação.
- Aquele cavaleiro o tornou rude, Darkus. Os olhos vermelhos deveriam o transformar em um rei de verdade. Ambos temos essa benção...- Disse Aelin, à beira de rir.
Darkus esperou que ela explicasse melhor, não tinha paciência alguma.
- Somos do sangue do mesmo homem, Darkus, fui atrás de você por isso. Somos irmãos.- Ela inclinou a cabeça para o lado, esperando uma reação.
O Bastardo de Primavera colocou a mão na parede, sem acreditar. Mesmo assim, ele nunca havia encontrado ou ouvido falar de uma pessoa com olhos como os dele.
- Como consegue ter certeza disso, bruxa?- Darkus não conseguia entender, ela talvez pudesse ser mais delicada.
- Nossos olhos são únicos em todo o mundo, além do mais eu vi com minha magia. Eu irei o ajudar, Darkus, porque eu sei do que você é capaz. Você foi a última pessoa que viu Ternorum antes dele aparecer, não?- Ela parou de sorrir, de repente havia ficado séria.
- Sim, eu conversei com Ternorum antes dele...sumir. Você o conhecia?- Talvez finalmente alguém soubesse oque acontecera com o dragão.
- Ternorum foi um conhecido há algum tempo atrás, porém também não sei seu paradeiro. Se ele estiver onde eu penso que ele está, nem eu tenho acesso...- Ela parecia decepcionada, Darkus escolheu não insistir no assunto.
- Como minha irmã...o que acha que devo fazer agora?- Darkus se recostou contra a pedra, talvez fosse a hora de tentar se abrir mais com a própria irmã.
- Acho que você deveria continuar no rumo em que está, e talvez se ocupar treinando esses soldados e tecendo estandartes. Já pensou em algum símbolo para chamar de seu? Heráldica é importante para sua força diante aos homens, para sua legitimidade.- Disse Aelin.
- Não sei qual símbolo eu poderia portar. Hyldren possui três dragões deitados, Nova Asgaet possui uma coroa e os darlos uma alabarda...até os Tregon usam brasões, com duas serpentes cruzadas. O que posso ter para mim?-
Aelin pareceu pensar por um momento, era interessante uma descontração depois de tanta seriedade nos últimos dias. Darkus não vivia momentos assim havia muito tempo.
- Algo que tenha poder, irmãozinho, algo que demonstre uma força enorme. Algo que possa se sobrepor às serpentes de Tregon e oferecer apoio à coroa. O que acha que pode fazer isso?- Aelin deu um sorriso ao proferir a última pergunta.
Darkus estreitou os olhos, já sabia oque havia de ser.Já em pouco tempo depois, uma pequena procissão viera com duas lanças e estandartes em suas pontas. Eram coisas recém feitas, recém costuradas.
Um deles carregava o nome "Darkus" com letras vermelhas e bordas brancas, o fundo era preto como carvão. Esse estandarte era carregado por Dunceon.
O outro, maior e mais imponente, era levado de forma orgulhosa por Aella de Iacest. Um estandarte de fundo vermelho e branco, cores separadas por uma divisória diagonal para a direita.
Com um dragão negro rampante no centro, rugindo em desafio. Era o símbolo da recém fundada Casa Darkrym.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Coroa do Domínio - Livro Dois
AvventuraA coligação liderada por Gerald de Elizaet é derrotada na Batalha de Aledrac, o cerco à Última Cidadela é intensificado firmemente. Dezenas de milhares de monstros ainda aguardam o momento para derrubar a cidade. Enquanto isso, a guerra continua no...