Serpentine Waterfall

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Vivi já saiu para trabalhar quando eu acordei por volta das 11h.

Volto a pé para casa passando pelo Tâmisa. Nesses anos em que estou aqui nunca cheguei a ir onde o rio deságua no oceano.

Acho que sempre pensei em Londres como nos livros de época que lia. A vida é tão sem graça nos dias de hoje. Queria poder voltar para onde nunca estive.

Não espero ter resposta de sr. Hiddleston. Ainda não sei o que somos. Não sei o que aquele momento na casa dele significou. Não sei quem ele é. Não sei o que ele quer de mim. Não sei o que é aquela Ala. Não sei o que é aquela pintura e porque me faz sentir daquele jeito. Não sei como todos aqueles livros conseguiram permanecer intactos através do tempo tendo como única ventilação os portões da Ala.

Ultimamente não sei de nada e isso está começando a me incomodar profundamente. Antes pelo menos eu não tinha nada para procurar saber.

*

Mais um dia de trabalho normal. Quando acabo vou para meu banheiro. A água quente em minhas costas é revigorante, sinto vontade de passar horas no banheiro.

Escuto um barulho em minha porta. Uma carta?

Me enrolo na toalha e desço as escadas correndo.

...

"Sabe, você me faz lembrar do passado, Cordelia.

Não o meu passado.

Soa como alguém de muitos anos atrás.

Você tem segredos?

Não me conte.

Quero descobri-los.

Você me deixaria?

- Tom."

Se eu fosse um pouco mais crente, diria que fomos duas almas amarradas muitos anos atrás. Eu e ele. Como se estivéssemos realmente em um livro antigo. 

Infelizmente não faço ideia de como responder sua carta. Eu nunca fui boa com palavras ditas. Escrevo perfeitamente, mas quando direcionadas a outras pessoas ou aos meus sentimentos, simplesmente é mil vezes mais difícil. E tem mais... Ele me tira todas as palavras de uma só vez.

*

Faz um dia desde que recebi a carta de sr. Hiddleston. Ainda não tenho ideia do que escrever. 

Se eu fosse responder agora, diria que sou uma criança clamando por atenção e que o amo apenas por ele falar exatamente o que eu sinto.

Tenho quase certeza de que quando ele me conhecer de verdade vai me deixar. 

*

Dois dias. Não faço ideia. 

Hoje responderia que deveríamos fugir e nos casar em uma taverna qualquer em York porque eu o amo. Mesmo que não faça sentido algum.

Falaria que ele me deixa nervosa e eu não sei o que ele vê em mim. Provavelmente diria tanta coisa que evitaria me olhar no espelho por pelo menos cinco dias de tanta vergonha.

*

Três dias. Eis o que eu responderia:

"Sr. Hiddleston, você é muito mais velho do que eu. Eu não te conheço de fato. Sei pouco sobre você.

Mas sei que o que escreveu em sua carta é como se estivesse me dizendo "eu te amo" na língua no meu coração.

Por favor, não me sinto bem com a situação. Pare.

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