Não se pode fugir para sempre

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"Sr. Hiddleston,

Acha que em outra época, talvez uma que não tenha existido, poderíamos ser algo? 

Por favor, não interprete isso como outra coisa além de um simples devaneio meu. 

Obrigada por me acompanhar a 1828. 

Sinto falta de sua companhia, Tom. 

- Cordelia"

Estou tomando uma brecha de sol em frente a minha janela. Quando o sol consegue atravessar as grossas nuvens de Londres eu faço o possível para aproveitar a sensação. 

Depois da noite em que eu e Tom fomos ao Serpentine estou sendo mais leve comigo mesma. É como se ele não se importasse com os meus jeitos... antiquados.

Passaram-se 4 dias desde o nosso encontro. Enviei minha carta ontem, agora estou me afogando em Living de Henry Green. 

Não sai de casa nesses últimos dias, mas não sou muito de sair mesmo... No entanto, quando acordei hoje fiquei pensando no que sr. Hiddleston me falou sobre eu "continuar fazendo o que fazia antes dele" então decidi que vou me movimentar um pouco. 

Assim que o sol me deixa com as sombras na janela, saio a procura de algum lugar para comer. 

'Pret a Manger' é um dos únicos restaurantes aceitáveis de Londres. Culinária não é o forte dos britânicos. 

*

Troco de história para o passeio da tarde. Nada como Ana Kariênina para me fazer companhia enquanto como alguma coisa estranha com gosto bom. É um bom romance. Tom havia me indicado falando que era um de seus livros preferidos. 

- Eu me pergunto quais são as chances, Cordelia...

Alguém me chama. Não tenho certeza se quero responder, mas a voz me soa levemente familiar. 

- Oi? - Respondo olhando bem devagar para cima. - Drevon!? Oh, meu deus! Quanto tempo! 

- Espero que tenha sentido minha falta, Cordelia, por que eu senti muito a sua. 

- Está brincando? O que está fazendo aqui? - Drevon é um antigo... era um antigo algo... 

- Não sei. Apenas quis vir. Estava passando e te vi andando. Posso me sentar? - A voz dele está mais grave do que eu lembrava.

- Não, por favor, fique em pé. 

- Então como anda sua vida? - Ele me pergunta puxando assunto.

- Consegui um trabalho melhor. De resto nada mudou. 

- Sua vida é tão chata assim? 

Reviro meus olhos brincando.

- Me conte tudo, ande! Por onde esteve? Aconteceu algo para você voltar mais cedo do que o esperado? - Pergunto a ele. 

Da última vez que nos vimos ele me disse que não queria morrer em Londres e que o mundo tinha que apresentar a ele mais coisas belas para ver. 

Eu concordo totalmente, só que perdi todo meu gás e dinheiro depois que vim para Londres.  

- Repaginando - Ele começa a me contar brevemente sobre as viagens - Depois que eu fui para Noruega não consegui passar mais que alguns dias lá. Muito chato! Muito frio! Muita árvore! Eu sou fã de árvore, mas era tudo o que tinha! Fui para Portugal, depois para Espanha e de alguma forma fui parar em Marrocos. 

- Marrocos? Andou mais ocupado do que eu esperava...

- Eu vi tanta coisa. - Ele diz como se estivesse voltando para os lugares por onde passou - Conheci tanta gente... Era o que eu precisava. Fazia tempo que não saia sem propósito algum além de viver. Mas depois da euforia dos países novos e das pessoas, eu comecei a sentir saudade de casa.

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