+53 (CAPÍTULO FINAL)

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>>>>>>>>>> AVISO DE QUEBRA DE TEMPO ABAIXO <<<<<<<<<<<<<<<
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Juliette Freire POV

Nove anos depois...

Em alguns momentos da minha vida eu escolhi que seria melhor esconder certas coisas da minha mãe, decisões a serem tomadas, atitudes impensadas e situações a serem vistas de perspectivas diferentes da minha, muitas vezes por medo de uma reação mais exagerada negativamente falando, e hoje me arrependo, por me sentir extremamente mal quando eu vejo que meus bebezinhos estão escondendo algo de mim, e da S/n, ela também ficava extremamente incomodada, mas sempre foi discreta com seus sentimentos, e isso durou até o momento em que a psicóloga da Manuella nos chamou para conversar.

As gêmeas tinham acabado de fazer dez anos, e como o esperado, eram extremamente inteligentes e alegres, estavam sempre brincando, e questionando tudo ao seu redor, a cabecinha compressiva para algumas coisas, e extremamente infantil para outras deixavam as pessoas confusas, mas isso eram elas, minhas meninas...

Gael tinha acabado de completar 16 anos e tinha ingressado totalmente na carreira de atuação, estando agora na sua terceira novela de sucesso, o menino foi feito para o meio artístico, modelava, fotografava, lutava, e cantava, era o nosso menino...

S/n parecia bem nervosa enquanto dirigia concentrada para o consultório da psicóloga dos nossos filhos, eu estava um pouco tensa para as notícias que iriam vir, mas nunca em hipótese alguma imaginaria o que estava por vir. Sempre dávamos a escolha para eles, se Agnes queria vestir vestido, e a Manuella não por nós, tudo bem. Se ela se sentia mais confortável com as roupas do irmão, por nós tudo bem, e se ela nós fez mudar todos os brinquedos dela a anos atrás? Por nós, tudo bem também.

Preferir brinquedos, roupas, e coisas ditas de meninos não nos fazia olhar com estranheza para a nossa filha, afinal ninguém podia dizer a ela o que devia ou não brincar, o que devia ou não vestir, o que devia ou não fazer, não podia dizer a nenhum deles, e isso era de fato o nosso papel naquele momento, os proteger, e acolher independente do que fosse acontecer, ou o que fôssemos ouvir naquela sala.

mas eu ja imaginava....

- Boa tarde. - Ela aperta nossas mãos sorridente. - Fiz questão de remarcar algumas consultas para esclarecer todas as dúvidas que vão vir a ter, por favor. - Indica o sofá, e nos sentamos, a mão da S/n veio diretamente para a minha coxa.

- O que aconteceu Dra? - A voz da minha Italiana é ouvida, e eu observei de perto seu rosto mais maduro, e suspirei, eu amava aquela mulher, não importa o tempo que passasse.

- Hoje vamos conversar sobre Manuella. - Ela diz e eu viro no mesmo instante para ela. - Nada com o que precisem se preocupar, podem ficar relaxadas.

- Está acontecendo alguma coisa que não sabemos doutora? - Questiono com a voz levemente falha e ela sorri compressiva, negando com a cabeça.

- Venho notando certos comportamentos na filha de vocês que me indicam disforia de gênero. - S/n vinca as sobrancelhas na mesma hora. - Ela busca formas de esconder as características femininas, e se incomoda bastante com elas, chegava a se machucar algumas vezes. - Ela diz com o rosto sério e meu coração afunda no peito. - A disforia de gênero é o desconforto intenso com o gênero que foi imposto ao nascer, quando identificado na infância é possível ver alguns sinais como preferir brinquedos do gênero contrário, evitar ir a lugares onde a vestimenta exige roupas que não gostem e nas brincadeiras também.  - S/n afunda o rosto nas mãos e eu fixo meus olhos nos olhos da doutora.

- Isso quer dizer que... - Gesticulo com as mãos nervosamente.

- Que ela está perto de entrar na puberdade, algumas coisas vão começar a irritar mais ainda se não forem tratadas com naturalidade. - Ela diz calma como sempre - Estresse, ansiedade, inseguranças, e comportamentos antissociais vão começar a aparecer se continuarem impondo coisas predominantemente femininas para ele. - S/n continuava com o rosto afundado nas mãos.

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