Epílogo

3.9K 336 111
                                    

>>>>>>>>>>>>>>> AVISO DE QUEBRA DE TEMPO <<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<
______________________________________

S/n S/s POV

Oito anos depois...

Hoje era o aniversário dos gêmeos e ja fazia um ano que o meu bebê tinha começado o tratamento hormonal. Algumas mudanças ja foram nítidas, como a mudança na voz, o fato de não menstruar mais e algumas mudanças físicas, como pelos mais grossos, e o quadril mais largo, a cirurgia ja tinha sido feita com a nossa autorização, e meu menino estava enorme inclusive, a irmã mesmo sendo da mesma idade era muito mais baixa do que ele, e eu dava muita risada quando os dois meninos da casa se juntavam para zoar a irmã e a mãe.
Escutei um barulho vindo do corredor e ja me preparei para ter o meu escritório invadido.

- Eduardo ta vindo, tudo bem por você? - Dou de ombros.

- Ele é meu sobrinho, porquê não daria? - Questiono olhando para o iPad, aos poucos minha ficha vai caindo e eu levanto o olhar. - Isso é sério?

- O que? - Ele diz - Você shippava, não pode simplesmente parar de shippar agora que aconteceu? - Ele ri inconformado.

- Gael até ontem você era meu menininho que falava "plato" - Cruzo os braços - Você ta namorando, fazendo faculdade, o que vai ser da minha vida quando todos vocês saírem de casa?

- Sem drama, mamãe. - Ele diz e vem me abraçar. - Manuel machucou as costas novamente, ele pediu pra te chamar, você pode ir ajudar?

- Claro. - Confirmo com a cabeça. - Cadê sua mãe? - Questiono antes que ele saia do escritório.

- Foi busca a Agnes no curso de fotografia dela. - Confirmo e ele sai, me deixando ali sozinha com meus pensamentos

Meus filhos estavam crescendo, todos seguindo suas respectivas carreiras, e sendo assim, todos vivendo suas vidas, os meus gêmeos ja iam completar 17 anos e isso era muita coisa. Minha revista é um sucesso nacional, uma das mais vendidas por quatro anos seguidos e isso era também muito gratificante para mim., anos de trabalho dedicados a um lugar que me fez ter experiência o suficiente para seguir por meus próprios passos, e isso era maravilhoso.

Caminho a passos lentos em direção ao quarto do Manuel e entro de uma vez, observando ele de costas para o espelho tentando ver o machucado. Sua calça pendia um pouco mostrando a barra da cueca e pelo volume, eu cheguei a conclusão de que ele estava usando packer, ele fazia questão de usar até em casa, tinha períodos em que a disforia realmente atacava bastante, e esse era um desses momentos...

- Deixa eu ver. - Ele vira as costas para mim calado, e eu posso ver seu corpo ficar tenso e depois relaxar, respirando fundo.

- Mamãe? - Continuo pensando a pomada sobre seus machucado, iria começar a fazer o curativo quando sua pergunta me parou. - Você acha que tudo o que eu passo vai valer a pena no final? - Ele diz baixinho, com a cabeça baixa, seus cabelos um pouco longos cobrindo seu rosto, fazendo ele passar a mão rapidamente para os jogar para trás.

- Muitas pessoas, meu filho, lutaram para ser quem são. Morreram por ser quem são, choraram por ser quem são. - Abraço seu corpo por trás, levantando seu olhar para o espelho. - Quando olhar no espelho lembre-se disso, fazer a diferença é essencial em um lugar onde a gente so se fode, em um lugar onde nossos direitos são minimizados, em um lugar onde morremos por ser quem somos. - Acariciou seu rosto. - No final, além de valer a pena eu terei certeza que criei um homem lindo, sem masculinidade frágil e antes de tudo, resistente. - Ele sorri para mim, e troca de assunto falando como tinha se machucado.

What I NeedOnde histórias criam vida. Descubra agora