Explicações

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Rafael tinha sido descoberto. Seu rosto estava nas capas dos jornais, tanto físicos quanto digitais. Assustado olhado pelo celular, pensava o que raios iria fazer.

Lendo a notícia, notou o erro gigantesco que tinha cometido. Com raiva de si mesmo e assustado com o que estava lendo, estava perto de ter um ataque cardíaco.

Aquilo começou antes dele perceber. Desde criança Rafael sempre amou as "crias". Quando ele era novo, amava fazer amizade com os pequenos (que na época não eram tão pequenos) de sua escola, bairro, e se deixassem faria amizade com cada criança que passasse na rua. Mas isso é normal, para uma criança.

Quando se é um adolescente, ninguém o considerava mais criança, sua mãe, seus novos amigos, ninguém. Mas ele ainda sentia um espírito infantil dentro dele. Rafael passava mais tempo no parquinho brincando com as crianças do que em casa procurando uma namorada em aplicativos de namoro, como a maioria dos adolescentes fazem. Ele se divertia bem mais em espaços com crianças, e as crianças também amavam isso. Todas queriam ser igual Rafael, crescer e serem adolescentes, e Rafael queria ser igual eles, crianças com 0 preocupações.

Mas Rafael descobriu que não poderia se fingir de criança para sempre, ele estava no terceiro ano do ensino médio, e logo teria que fazer uma faculdade, se casar com sua namorada, pagar contas, fazer coisas que adultos fazem. Mas se ele pudesse escolher, estaria para sempre naqueles porquinhos brincando com as crianças.

Quando começou a sequestrar crianças necessitadas que a polícia não enxerga, acabou virando um hábito. As crianças que ele sequestrava eram seus filhos, as pessoas mais importantes do mundo, as crianças puras e ingênuas como ele as considerava, as crianças que ele precisava proteger da maldade humana. Ele acredita que todos nascemos bons, mas a sociedade nos torna maus, e o que Rafael mais queria evitar era que seus filhos fossem influenciados pelos maus exemplos. Elas estudam com livros infantis que ensinam lições morais ao invés das matérias da escola, já que Rafael acha que faz muito mais sentido crianças aprenderem a ser bons do que saber qual é o valor de x. Sempre que as crianças queriam assistir alguma coisa, os mais variados desenhos infantis passavam na TV. Turma da Mônica era o favorito e o mais assistido, já que Rafael guardava CDs do desenho que eram relíquias.

Quando ele viu seu rosto na capa dos jornais, a primeira coisa que pensou foi se as suas crianças estavam em perigo, mas concluiu que não. Eles moravam numa casa bem distante das antigas moradias das crianças, então a probabilidade de serem descobertos era mínima. Mas ele não poderia sair mais de casa, todos estavam em alerta, e qualquer um sabia quem era ele e se ele saísse estaria atrás das grades. Mas por algum milagre aquela mulher tinha se apaixonado por ele, Elora o considerava mais importante que qualquer pessoa, tanto quanto suas crianças. Ela ajudaria ele em tudo, nunca o abandonaria, isso deixou o coração de Rafael mais calmo. Ele não tinha muito do que se preocupar, tinha pessoas que ajudavam ele.

Como ele sustentava todas aquelas crianças? Com suas amizades duvidosas porém muito leais, conseguiu arrumar uma grana com um esquema de tráfico de armas internacional. Não era a pessoa que mais recebia dinheiro, e nem a mais fácil de ser achada, mas era o suficiente para sustentar as crianças por um bom tempo.

Agora, com seu rosto nos jornais, teria que tomar o dobro do cuidado. Tudo bem que iria seguir o conselho de sua esposa e iria parar de sequestrar crianças por enquanto e focar nas que tinha. Mesmo assim, tinha pessoas que sabiam o seu rosto, mas não sabiam de seus crimes.

(Sequestrador) Salvador de criançasOnde histórias criam vida. Descubra agora