Quinta gota

373 13 8
                                    

Os burburinhos e olhares de curiosidade acompanhavam Eyre como se fossem ervas daninhas. Para a vampira que ainda não havia se acostumado completamente aos novos sentidos, ela poderia jurar que a gravidade coincidiam para que os pés vacilassem.

Eyre tentou imitar Nefertari. Jamais teria a elegância da metamorfa pura, porém não devia estar passando vergonha diante de tantos olhares curiosos.

Entre tantas cores daquele salão, apenas seis vampiros usavam branco.

- Você está linda, irmãzinha - o vampiro ao lado dela sussurrou e Eyre o encarou. Ela julgou que ele também havia sido transformado por Callum.

- Qual é o seu nome?

- Miguel.

Ele a deixou de frente a Callum. Graças a presença de Miguel, Eyre não se sentiu tão afetada pelos olhares curiosos. Ela conseguiu distinguir cinco cores no salão: preto, branco, vermelho, verde e dourado.

- Eyre, você não correspondeu às minhas expectativas - Callum falou enquanto se afastava do trono. Ele segurou a mão direita dela para beijar levemente por poucos segundos.

- Não?

Por segundos, Eyre considerou seriamente que estava patética com aquele vestido. Como ela poderia se julgar linda? Não passava de uma escória. Ela nunca seria bela como Nefertari. Jamais seria.

Callum arregalou os olhos.

- Não, minha cara, não falei no mau sentido - Callum a rodopiou e a segurou pela cintura enquanto a guiava em direção aos outros três vampiros que estavam de branco. Todavia, Eyre notou que ele mantinha uma distância entre os dois, ainda que estivesse próximo. - Você está muito bela, nem mil anos seriam capazes de me preparar para ver uma beleza tão angelical. Minhas expectativas subestimaram sua elegância, meu bem.

Escutá-lo falar meu bem é muito diferente de ler essas palavras em um pequeno papel. Eyre suspirou e tentou controlar o que quer que fosse o sentimento estranho que surgia no canto inferior da barriga.

- Quantos livros de romance você leu para aprender a falar assim?

Callum riu.

- Foi muito clichê? - ele indagou. - Devo lhe informar que eu não leio para ser um cavalheiro, na verdade, eu fui a musa de muitas escritoras para criar o homem ideal.

Eyre riu.

- Acho que não posso discordar.

Callum a guiou em direção aos três vampiros, contudo, antes que pudesse apresentá-la, ele a puxou para outra direção.

- Por que não dançamos um pouco antes de conhecê-los?

Eyre se desesperou.

- Mas... Mas....

Callum calou os lábios dela com um dedo.

- Não precisa saber dançar para realmente dançar. Você vai saber disso logo - Callum a puxou em direção a ele e Eyre sentiu o toque dos corpos encostados. Ela olhou para baixo e tentou acompanhar os passos dele.

- Olhe para cima, Eyre.

A voz de Callum a chamou como se fosse magnética.

- Eu já disse para não se preocup... - Eyre sentiu um incômodo no pé esquerdo e olhou para baixo rapidamente. Callum havia pisado no pé dela! - Enfim, como eu disse, não é somente você que não sabe dançar.

Eyre riu baixinho e se sentiu melhor. Por sorte, poucos vampiros os observava naquele momento. Então, ela decidiu que iria aproveitar a companhia de Callum, ainda que uma parte dela estivesse focada nos comentários e borburinhos dos nobres.

Sangue AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora