Entre The Nós "Em Revisão"

Escuridão e leveza.

Me sinto imersa em escuridão, envolvida por uma sensação de leveza e flutuação.
Percebo um mundo de sons e que parecem distantes, mas ao mesmo tempo estão
presentes de maneira difusa e etérea.
Permaneço inconsciente, ouvindo conversas ao meu redor como se estivesse em
um sonho. Os murmúrios suaves do doutor e as perguntas ansiosas de Nick são
como ecos distantes em minha mente.
– Ana vai ficar bem, ela é uma guerreira, lutou com unhas e dentes pra se manter
viva. – as palavras do doutor parecem ecoar como uma melodia de esperança.
– Quando ela vai acordar? – Ele indaga, ansioso.
– Tenha paciência. Ana teve uma grande queda, além de bater a cabeça, quebrou
uma costela e fraturou um braço – explica o doutor.
– Ela se machucou de verdade. E foi tão rápido, nem deu tempo de perguntar ao
meu irmão o que aconteceu na hora que Ana caiu. Ele me deve explicações. - Nike
expressa preocupação
– É melhor conversar com ele. Certamente ele viu o acidente – sugere o doutor.
O quarto se enche com a chegada da família de Nick, mas a ausência de Lucas não
passa despercebida. Ele não aparece para consolar o irmão.
– Onde está Lucas? – Nick pergunta.
– Ele não quis vir, filho. Disse que viu tudo o que aconteceu com Ana, foi horrível.
Ele está chocado ainda com tudo que aconteceu – minha sogra responde.
– Não, mãe, eu quem estou chocado com as atitudes dele e ele me deve algumas
explicações.
– Não foi culpa do seu irmão, não foi culpa de ninguém, meu filho. Acidentes
acontecem, infelizmente.
– Mesmo assim, ele não vai mais se aproximar da Ana. Não vou deixar isso
acontecer de novo. – Quem dera pudéssemos voltar para o Brasil, estávamos tão
felizes lá.
– Filho! – A mãe o repreende.
– Ele fez algo com ela, sinto que tem dedo dele na queda da Ana, e eu vou
descobrir! – Determinado, Nick sai, possivelmente indo atrás de Lucas para
confrontar o irmão.
Pouco depois Lucas entra no quarto para ver Ana.
– Lucas, meu filho! Seu irmão acabou de sair daqui muito bravo com você. Ele acha
que você tem culpa nesse acidente. – Essa voz distante tão aflita.
– Ele está certo, mãe. Ana e eu brigamos, e ela acabou caindo. – Como gostaria de
socar a cara dele agora.
– Meu filho, por que você fez isso? - O pai, furioso, questiona.
– Você vai contar isso
ao seu irmão?
–Sim, pai, eu vou. Só preciso ver a Ana primeiro. Ela está bem? – Pergunta Lucas.
Parece mesmo preocupada comigo, deve ser a culpa corroendo.
– Sim, ela vai ficar bem. Só fraturou uma costela e um braço. Mas algo muito pior
poderia ter acontecido. Ela poderia ter morrido, meu filho, tudo por causa de brigas
bobas… – Concordo sogrinho, tudo por causa de xicarazinha de café.
– Eu sei, pai. Eu me arrependo muito por isso. – Eu acho é bom, que morra de
remorso.
– É melhor mesmo, porque quando seu irmão souber o que aconteceu, vai ficar
muito chateado.
– Eu sei, papai... Mas a Ana ficando bem já me deixa mais tranquilo. Eu posso falar
com ela?
– Claro. Só não demore muito, ela precisa descansar.
– Está bem, vai ser rápido! – Escuto os passos se distanciando.
Espera! Vocês vão me deixar sozinha com esse cara, né? não sabem que o filho de
vocês é o beijador de garotas inconscientes? Eu mereço!
Ele se aproxima, e segura minha mão, sinto uma lágrima cair sobre minha pele.
– Ana, me perdoe. Eu não queria te machucar, foi sem querer. Eu jamais tocaria um
dedo em você. – Não chora, sinto muito também, Lucas me dá um beijo na testa
dela.
– Porque eu... eu te amo, Ana! Muito... espero que quando você acordar, você me
perdoe… – Já até esqueci, juro.
Faço um esforço mesmo inconsciente, aperto a mão de Lucas. Ele percebe.
– Ana, você apertou a minha mão! Você ouviu o que eu disse, eu te amo, é verdade.
Eu não consigo mais esconder isso, nem de você nem do meu irmão. E vou contar
a ele toda a verdade…
- Não, não, não, por favor…
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