A música romântica não paravam de ressoar nos tímpanos de uma Bianca Andrade já profundamente irritada. Era dia dos namorados e, por desgraça, encontrava-se solteira.
Não era algo controlável, era verdade, mas não poderia de praguejar contra o infortúnio de ter que passar aquela data sozinha quando fora acostumada a ter alguém consigo por tantos anos.
Diogo Melim, esse era o nome do desgramado que ousou colocar sobre sua bela cabeça um par de chifres um mês antes daquela data, de maneira que sequer pode cancelar o presente comprado na internet.
Um belíssima violão autografada por ninguém mais ninguém menos que Axl Rose, ou seja, além de ser um mimo caríssimo era completamente inútil para uma mulher sozinha e sem as devidas habilidades para o manejo do instrumento.
Confessava que por várias horas encarando o presente na sala de casa imaginou-se quebrando-o sobre a cabeça do músico que namorara, mas cogitou no meio devaneio que precisava ponderar melhor a ação, afinal, era o violão que não merecia ter contato com um homem tão sórdido.
Precisando arejar a cabeça e afastar suas inclinações agressivas a mulher chamou um uber e entrou no primeiro barzinho que encontrou. Também não considerou boa ideia.
Lotado de casais apaixonados dançando coladinhos uma playlist só das mais românticas do Bianca Andrade sofria cantando Matheus e Kauan.
— Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa... — Cantou no fim da letra pedindo mais uma. Era a terceira cerveja seguida.
Ironicamente, na sua opinião, o amor que batera em sua porta era como o menino levado que aperta a companhia e sai correndo. Ela ouviu o som melodioso, abriu a estrutura de madeira e se deparou só com um monte de entulho trazido com o vento. Se agarrou como quem chama urubu de meu louro e agora estava ali, esperando a música acabar para ter um pouco de paz.
Porém, como se o destino estivesse brincando com a sua cara veio mais uma para quebrar ainda mais seu coração partido: She Will Beloved só que diferente do que versejava Adam Lavigne Bianca não achava que seria ou foi amada.
Resignada com o fato de que não teria paz tomou sua quarta cerveja ainda de barriga vazia e levantou trôpega do seu banquinho. Não era efeito do álcool, mas sentiu que se não parasse naquela poderia ser na quinta ou sexta. Só que não estava exatamente pronta para parar, só queria falar chegar perto da pessoa que tocava a música e pedir que desse uma aliviada com o coração pesado.
Com um sorriso decidido quase chegou ao homem que animado controlava a lista de reprodução que embalava seu fracasso amoroso, no entanto, sequer chegou até ele. Direcionando sua atenção apenas para o feito se esqueceu de olhar propriamente para seu entorno, terminando por provocar um esbarrar violento que a fez quase cair no chão.
Mas só quase. Um corpo esguio de braços fortes impediu um tombo épico de sua parte em frente a todos os presentes. De olhos cerrados chegou a, inclusive, sentir o impacto do chão em suas costas, no entanto, nada veio. Só dedos largos envolvendo suas a base das suas costas conforme era delicadamente levantada.
— Te peguei — A voz feminina proferiu e, como num comando, seus olhos se abriram para encontrar uma mulher vestida com um estranho tom de laranja. Era diferente de todos os tons que contornavam os vestidos das namoradas acompanhadas, talvez pelo fato de que não era um vestido. Era um macacão, macacão de bombeiro. Havia sido salva por uma sargento, sargento Rafa Kalaminn conforme conseguiu ler com sua visão embaçada pela bebida. Ficou embriagada na quarta, agora teve certeza.
— Seria um estrago e tanto — A morena disse subindo o olhar pelo uniforme até encontrar um sorriso pequeno e olhos verdes afáveis focados em todo seu corpo e depois em seus olhos castanhos. Sentiu um arrepio percorrer todo seu conjunto bege de moletom e se arrependeu de não ter escolhido roupa melhor para ser contemplada pela estranha que, quando pega, foi ainda mais indiscreta no seu olhar.

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Contos
FanfictionHistórias completamente aleatórias que não devem ser levadas a sério.