Alguém acordado?
A garrafa de Pinot Noir desliza entre os dedos de Bianca Andrade que completamente distraída contemplava a intensa situação que se desempenhava diante de si. Os lábios carnudos de Rafaella sendo fervorosamente esmagados pelo de sua produtora que ávida acariciava a cintura fina marcada pelo vestido branco que denunciava na linha do busto um delicioso detalhe do que era a excitação no exuberante corpo de Rafa Kalimann.
— Bianca... — A voz cujo nome chamara na mente profere o seu e a influenciadora fica rígida por alguns segundos antes que tenha a reação de ajoelhar-se cuidadosamente sobre a grama sintética do jardim para recolher os resquícios de sua desatenção.
— Podem continuar o que estavam fazendo que eu só... — Disse Bia.
Continuar? Sério?
A empresária se questionou em sua mente quase revirando os olhos para si própria. Que continuassem e que ela quebrasse todas as garrafas que tinha certo?
Não era como se Bianca não tivesse presenciado momentos como aquele. O destino era testemunha, e algumas vezes até a própria B2, que não só viu como participou de sessões intermináveis de beijos fortuitos com os mais diversos tipos de mulher. No entanto, a grande problemática daquela cena em específico não era o fato de ser inédita, mas sim de ser composta por quem nunca esperou: A missionária maneira que fazia as coisas pelo bem.
Rafaella era recatada, um exemplo tão incorruptível de moral que, para Bianca, a aproximava do modelo de mulher assexual quase religioso.
Rafa não transava, menos ainda beijava mulher, porque isso era o contrário de ser santa, era ser o intermédio entre o homem e o pecado, isso era ser como Eva.
— Vou pegar algo para limpar isso melhor — Anunciou Venturotti retirando Bianca dos devaneios que o beijo entre sua amiga e Rafaella proporcionou.
No entanto, só por alguns segundos, pois tão logo o silêncio voltou a pairar perto da área da piscina Bianca não evitou dedicar um último pensamento ao assunto somente pelo espanto que ainda a causava.
Rafa Kalimann não era irredutível a beijar mulher. Isso muda tudo!
Mudava? Mesmo? Bianca queria dizer que não de maneira determinante, mas nunca foi boa mentirosa. Algo dentro de seu interior se ascendeu muito já embalado pelas lembranças revividas pelo jogo das bocas de mais cedo em seu programa.
— Precisa de ajuda? — E se algo estivesse apagado termina por seguir o curso natural do resto de tudo que carregava por dentro com a simples aproximação de Rafaella.
Rafaella que não era irredutível a beijar mulher.
— Não é necessário — Bianca disse juntando os vidrinhos todos dentro de um pedaço maior e ignorando ocorrências e o motivo de que elas estivessem sendo produzidas mil vezes por segundo em sua mente.
— Isso que você viu... — Rafa começou movendo os dedos um por dentro dos outros. Não que achasse que devia satisfação a Bianca de qualquer forma, mas sendo a casa e a amiga da carioca tentou proferir uma ou duas palavras só para não deixar a conversa suspensa.
Odiava assuntos inacabados.
— Quer olhar para mim por favor? — Pediu com um leve incômodo quanto a postura da morena que claramente não tinha mais o que fazer até a volta de Venturotti, mas procurava só para não encarar seus olhos.
Sem encontrar razão naquele posicionamento a mineira liberou a palma de sua mão que descansava por cima de seu colo e a plantou abaixo do queixo de Bianca quase que brutalmente.
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Contos
FanfictionHistórias completamente aleatórias que não devem ser levadas a sério.