Irmãos

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Mary olhou pro garoto em sua frente que parecia ter a idade dela e definitivamente não usava um uniforme telmarino. Devia estar com os narnianos, com Caspian.

Edmundo a olhou e tentou raciocinar rápido.

– Você é a Mary? – ele pergunta se levantando e indo trancar a porta.

– Sou. – ele se aproxima e a puxa pela mão com pressa.

– Estamos com o Caspian. – ele a puxa em direção a outra porta que leva para o corredor. – Vem comigo.

Ela nem discutiu e deixou ele ir na frente, os soldados logo dariam a volta para encontrá-los. Ela imediatamente lembrou do professor, esperava que Caspian fosse buscá-lo e que eles estivessem bem. Eles subiram várias escadas – era o único caminho – até uma torre. Chegando lá, Edmundo fechou a porta e colocou um objeto de metal, que Mary não conhecia, para tranca-la.

Infelizmente eles também estavam sem saída, a torre tinha um parapeito e uma queda certamente os mataria.

– Algum plano B? – Mary perguntou preocupada enquanto eles olhavam para baixo.

– Ainda não.

De repente ouviram batidas na porta, ela logo seria arrombada pelos soldados.
Edmundo ficou perto de um dos vãos do parapeito tentando pensar em alguma coisa.

Ele tinha que protegê-la, mas seria difícil lutar com os soldados sozinho, não sabia quantos viriam e não tinham para onde correr. Por Aslam, ele achava que a essa altura ela já estaria sob a proteção de Caspian, ela foi um dos principais motivos para invadirmos. Ela não deveria ser responsabilidade do Edmundo, agora se algo acontecesse seria culpa dele.
Isso era o que passava pela cabeça dele enquanto a porta era finalmente arrombada e os soldados entravam. Os dois deram, inutilmente, passos para trás e Edmundo quase cai na fenda do parapeito, mas quando olha para baixo ele tem uma ideia.

Mary não acreditava que tudo teria sido em vão, a essa altura eles não iriam mais prendê-la, eles a matariam. Quase não teve tempo de se lamentar quando sentiu dois braços agarrando a cintura e a puxando para trás. Puxando para baixo.
Ela gritou desesperadamente enquanto caíam sem saber o que pensar e quando pensou ser o fim, ela sentiu aterrissar em algo macio. Quando teve coragem de abrir os olhos viu que ainda estava caindo. Não, estava voando, voando em um grifo.
Era inacreditável.
Ela se segurava nas penas enquanto Edmundo segurava mais firmemente atrás.

Foi uma sorte e tanta, ele pensou.
Ele percebeu que a expressão assustada de Mary tinha sido substituída por uma expressão maravilhada.
Ela não conseguia pensar em mais nada, era uma experiência nunca vivenciada. Voar. E em um grifo!

Eles sobrevoaram perto de onde acontecia toda a batalha, nesse momento Caspian, que estava acompanhado do professor, olhou para cima e reconheceu a capa cor de vinho de sua irmã. Eles suspirou aliviado, pelo menos isso tinha dado certo. Pelo menos ela estava segura.

Da altura em que estavam não dava para entender muito do que estava acontecendo, mas depois de dar a volta no castelo eles viram uma cena que fez a Mary parar de sorrir. Havia vários narnianos e alguns telmarinos mortos na entrada do castelo, provavelmente presos por causa do portão. Mary nunca tinha visto soldados mortos antes, Edmundo já, mas mesmo assim ainda era difícil.

Eles não conversam no trajeto de volta, estavam presos em seus próprios pensamentos.

Mais ou menos uma ou duas horas depois, eles chegaram em uma grande construção no meio de uma floresta, parecia uma grande caverna.
Já era de manhã, os outros chegaram ao mesmo tempo, Mary avistou muitos narnianos, mas sabia que deveriam ser mais, inicialmente.

Crônicas de Nárnia: Coração GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora