Decisões

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Eles acordaram com o chamado de Lúcia.

- Olhem, a estrela azul!

Realmente, depois de semanas finalmente a encontraram ou ela os encontrou.
Sem demora, embarcaram no navio e começaram a seguí-la.

Não estavam indo muito rápido por causa da falta de vento, e a fome dos marujos também não ajudava no temperamento.
Mas não tiveram que se preocupar muito com isso, pois Eustáquio resolveu ajuda-los
(Pela primeira vez).

Ele, que estava voando, enrroscou sua cauda no mastro do navio e puxou em direção a estrela.
Com isso, puderam seguir viagem.

Ainda naquela tarde, a princesa Mary ia atrás de seu irmão, com quem queria conversar sobre o futuro da viagem.

- Caspian. - ela o chamou ao entrar no camarote. Ele estava sentado encarando as espadas.

- Algum problema?

- Não, só queria conversar.

- Hum, ultimamente você parece meio ocupada. - ele brinca.

- Engraçado, sabe o que eu vim dizer.

- Eu sei. - ele se levanta e se apoia na mesa. - Veio me dar bronca pelo o que aconteceu na caverna.

- Não. - responde surpreendendo seu irmão. - Eu andei pensando sobre a beirada do mundo e o país de Aslan. Nunca falamos sobre isso.

- O que tem pra falar?

- Se nosso pai estiver lá, você irá? E me deixaria aqui? - o jeito direito com que sua irmã falou até assustou Caspian.

- O que a faz pensar que eu não a levaria comigo?

- Porque conheço você, está desesperado com essa viagem a meses e eu duvido que seja só pelos fidalgos. Você sabia da possibilidade de vê-lo, e nem me falou.

Caspian não podia mentir sobre isso, mas ele nunca teve certeza sobre o país de Aslan, mas mesmo assim não deixou de ter esperanças.

- E seria ruim, se víssemos ele?

- Claro que não, mas eu sei o que você iria querer fazer. Ia querer abandonar tudo, suas responsabilidades, seu reino e inclusive eu.

- Está exagerando.

- Estou? Vive dizendo que eu seria uma boa governante para que possa ir embora sem peso na consciência.

- Você só está especulando.

- Então olhe pra mim e diga que estou errada.

Ele olhou, relutante, tentando achar as palavras.

- Eu nunca deixaria você, mas sei que não iria comigo.

Os olhos de Mary começam a encher de água.

- Eu sei que temos interesses e destinos diferentes e eu nunca menti quando disse que você seria uma rainha melhor do que eu.

- Então vai apenas desistir?

- Vou esperar por um caminho mais fácil.

Mary enxuga as lágrimas com força e força um sorriso.

- Continua fazendo a mesma coisa de sempre, decidindo as coisas por nós dois, me deixando de lado e nunca considerando o que eu quero.

A princesa vai embora antes que seu irmão possa chamá-la.

***

Caspian continuava no camarote, pensando em várias coisas. Quando Edmundo entrou para conversar sobre o que poderiam encontrar na ilha de Ramandu, ele não poderia estar mais distraído.

- Você tá bem?

- Claro, apenas pensando.

Caspian considerou por um segundo compartilhar sua discussão com Mary, já que eles pareciam estar próximos, mas n se sentia tão a vontade com isso ainda.

- Edmundo, posso fazer uma pergunta?

- Claro. - Ed se sentou na mesa onde Caspian estava.

- Hipoteticamente, se fosse lhe dado uma escolha de ficar em Narnia para sempre, mas para isso não poderia mais ver sua família, o que faria?

O Rei pensou por um tempo.

- Pra ser sincero, sinto falta da minha família, sempre serão a minha família e por mais que Narnia seja muito especial pra mim, são só momentos muito especiais, não é a minha vida.

- Entendo.

Caspian sabia que não poderia viver sem sua irmã, não suportaria, afinal, era o trabalho dele protegê-la, não importa quantos anos tivesse ou qual situação fosse.

- Isso tem haver com a Mary?

Caspian dá um sorriso fraco.

- Ela diz que eu não a considero nas questões, ainda devo estar acostumado com o papel de irmão mais velho que sempre tem razão.

- Que acha que sempre tem razão. - Ed murmura.

- Como?

- Ah, nada. O Pedro fazia muito isso também, as vezes ainda faz.

Caspian ri.

- Mas não acho que seja esse o problema.

- E qual seria? - perguntou curioso.

- Nós conversamos algumas vezes, e eu acho que ela só quer que você esteja ao lado dela. Como irmão, amigo e alguém que não a trata como bebê.

Caspian levanta as sobrancelhas.

- Palavras dela. - ele acrescenta rápido.

Caspian ri.

- Se importa muito com ela não é?

Edmundo fica vermelho, mas tenta disfarçar.

- Acho que sim.

- É uma pena que não vai ficar por mais tempo, tenho certeza que ela gostaria de tê-lo ao lado dela também.

- Eu gostaria também.

A conversa dos dois é interrompida pelo gritos do capitão, estavam chegando a ilha e precisavam se preparar.

Crônicas de Nárnia: Coração GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora