Durante a tempestade, muitos marujos ficaram estressados, desanimados e assustados, por causa da grande quantidade de pesadelos e alucinações. Edmundo não era exceção, era constantemente atormentado por lembranças de seu passado, de suas ações que ele não gostava de lembrar. Pensar no que ele fez quando ajudou a feiticeira nunca deixava ele feliz, mas agora quase não conseguia dormir com medo de sonhar com isso novamente, o único alívio que tinha era quando encontrava Mary.
Eles continuavam a se encontrar todas as noites, ficavam conversando por horas falando sobre o que aconteceu na vida dos dois nesses últimos anos, descobrindo aos poucos coisas que os aproximavam cada vez mais.
A cada conversa eles sentiam a necessidade de se aproximar mais, de suprir a distância deles no sofá, mas não acontecia.
– Que história você quer hoje? Terror, aventura, fantasia..
– Tem alguma de romance? – Mary pergunta.
Outra coisa que eles faziam era compartilhar histórias, e quando as histórias do que aconteceu nesses últimos anos acabou, Edmundo resolveu contar contos do seu mundo para distraí-la.
Mary achava muito interessante a variedade de contos que havia na Inglaterra, Edmundo já havia contado a história de três mosqueteiros (que na verdade eram quatro), de um doutor e um monstro que eram a mesma pessoa e a de um menino que virou rei ao retirar uma espada de uma pedra.
Depois de pensar um pouco, Edmundo decidiu qual história de romance contaria, não havia muitas em seu repertório, mas pelo menos essa ele conhecia.
– Eles morreram?! – Mary pergunta, não aceitando esse final.
– É. – Ed simplesmente responde. – Eu avisei que era meio trágica.
– Meio é um eufemismo.
Edmundo ri de sua indignação.
– Eu gosto de interpretar que a moral da história é: o amor te deixa burro.
– Bom, talvez.
– Não concorda? – Ed indaga curioso.
– Eu acho que quando você se apaixona pela primeira vez, fica mais suscetível a ser imprudente e fazer coisas idiotas porque pensa que nunca mais vai sentir isso novamente.
Edmundo percebe que Mary se perdeu, brevemente, em seus pensamentos.
– Fala por experiência própria? – ele pensa em voz alta e se arrepende logo em seguida.
– Todo mundo já sentiu isso. – ela dá um sorriso, mas não parece querer entrar no assunto.
– Eu não. – Normalmente, Edmundo se sentiria aliviado por não ter que se preocupar com essas besteiras, mas agora… parece que está perdendo alguma coisa.
– Então aproveite. – ela responde sem olhar para ele e se levanta.
– Já vai?
– Tô meio cansada, mas vejo você amanhã, mesmo horário. – diz abrindo a porta.
– Claro, boa noite.
– Boa noite, Ed.
Ele não gostava quando ela ia embora.
***
Mais um dia se passou, mas as tempestades não paravam, Mary estava quase acostumada. Mas não estava acostumada com os pesadelos, seus medos e inseguranças em relação a governar, em decepcionar seu irmão, seu pai... Enfim, seu sono já estava bem desregulado por causa disso.
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Crônicas de Nárnia: Coração Guerreiro
FanfictionA vida de Mary e seu irmão, Caspian, estava sendo ameaçada por causa da coroa, mas um fio de esperança aparece quando os antigos reis e rainhas do passado voltam para ajudar a livrar Nárnia da tirania atual e entregar a coroa ao seu verdadeiro dono...