A cabana e o lago.
A neblina pairava sobre o local e enquanto caminhava lentamente pela rua completamente deserta, sentia o medo e o desespero crescerem em seu peito. Tentava enxergar a sua frente, chegar a algum lugar, mas apenas parecia que ia se afogar na imensidão cinza. O ar ficava rarefeito a cada centímetro que andava e seus pulmões logo não aguentariam mais.
Foi quando chegou a um cruzamento de ruas, com prédios que pareciam tocar os céus, que sua boca se abriu. Conhecia a mulher que sangrava em uma das calçadas como se tivesse sofrido uma série de esfaqueamentos. Seu peito acelerou e, sem perceber, suas pernas se moveram em direção à mulher rapidamente, tropeçando nos próprios pés. Ajoelhou-se em frente à morena de cabelos volumosos tentando estancar os ferimentos desesperadamente, enquanto gemidos e grunhidos de dor saiam da boca dela.
— Mãe? — chamou num sussurro baixo de sofreguidão.
As lágrimas escorreram de seus olhos, encharcando seu rosto. Parou com as falhas tentativas de fazer com que o sangramento parasse e puxou o rosto da mulher para perto de si. Aos soluços alisou o rosto de sua mãe.
— Me desculpe. Me desculpe. Eu não queria deixar vocês. Não queria... Achei que estariam seguros...
— Hermione? — ouviu a voz masculina já tão conhecida atrás de si e levantou a cabeça para olhar o homem esguio a encarando perplexo.
— Pai — disse aos soluços. Sentindo mais lágrimas descendo de seu rosto, as limpou com as costas da mão.
— O que você fez? — questionou o homem, alterando seu tom de voz.
Ele se agachou no chão, empurrando Hermione agressivamente.
Ainda aos prantos, aproximou-se do pai, ignorando seu gesto anterior. Antes que pudesse falar algo, o homem se virou para ela.
— Isso é sua culpa — acusou com o tom alto.
Sem palavras, Hermione encarou o pai. Sentia seu coração acelerar cada vez mais, seu estômago revirar e sua cabeça doer.
— Foi culpa sua — repetiu; a voz num sussurro. Com lágrimas no rosto, ele se virou para mulher, abraçando seu corpo.
Hermione observou a cena a sua frente sumir como fumaça, deixando apenas o cinza sombrio e a sensação de vazio em seu peito.
Ainda ajoelhada, colocou as mãos na cabeça e deixou as lágrimas caírem mais agressivamente dando um grito de sofrimento.
Abriu os olhos abruptamente, vendo o teto amadeirado. A respiração estava descontrolada e a pele queimava por baixo da coberta. Virou o rosto lentamente vendo as paredes de madeira escura e velha, além da pequena janela onde os pingos de chuva batiam fortemente. O céu lá fora estava cinza, fazendo a iluminação do quarto ser mínima.
Hermione Granger se sentou na cama, fazendo as molas rangerem, e observou melhor o ambiente em que estava. O cômodo estaria vazio se não fosse por um armário pequeno, a cama, que parecia como aquelas de hospital, e a mesinha empoeirada ao lado dessa. À direita da cama, uma porta semiaberta, e sem a maçaneta, mostrava que o banheiro era ali.
Levantou-se, sentindo o chão sob seus pés e andou a passos curtos até lá. Terminou de abrir a porta e viu, para sua surpresa, que era extremamente limpo. O espelho em cima da pia a mostrava cabelos desgrenhados, como se não tivessem sido penteados há dias, palidez e a boca ressecada. Só então percebeu a roupa que usava. Tirou os olhos do objeto, mirando-os para si mesma. A camisola bege era como dos filmes antigos, e ela se perguntou quem a teria vestido daquela maneira.
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Spectrum (Dramione)
FanfictionHermione Granger sabia que morreria ali e talvez aquele toque gelado em sua mão fosse apenas o anjo da morte a resgatando.