O nó.
O silêncio permaneceu por um momento. Draco passou as mãos em seus cabelos, suados pelo último episódio, tentando afastar os pensamentos de sua mente. Voltou seu olhar para Hermione, ela ainda matinha seus olhos fechados, enquanto Harry Potter a apoiava. Percebeu que ela tentava controlar sua respiração, mantendo um inspirar e expirar estável, como em uma meditação.
Ele anda estava abaixado em frente a ela. Desceu os olhos e gentil e delicadamente tocou em seu braço, ajeitando a bolsinha de contas de maneira segura e confortável de volta ao corpo dela. Ao tornar a olhar para seu rosto, os olhos âmbar o observavam com cautela e curiosidade. A cor e a intensidade do olhar despertaram sentimentos ao qual ele não reconhecia. Por um momento, Draco se sentiu fora de si, incapaz de se mover ou se levantar, e até mesmo desviar seus olhos do dela.
— Que porra está acontecendo aqui? — Draco ouviu a voz estridente de Weasley ao seu lado, fazendo-o voltar a si.
Balançou a cabeça e se levantou, olhando ao redor do corredor e ignorando o idiota ao lado.
— Granger, está melhor? Estamos há bastante tempo aqui, precisamos voltar. Voldemort deve estar esperando por uma resposta.
Seus olhos se voltaram para Potter, que pareceu compreender o que ele queria dizer.
— Hermione, precisamos ir — Harry falou.
Ela assentiu, indicando que estava pronta para se levantar.
Harry ainda apoiava seu corpo e Weasley estava imóvel os observando para tomar alguma atitude. Draco estendeu a mão para ajudá-la a ficar de pé, evitando diretamente seus olhos, e Hermione aceitou, segurando em sua mão com seus dedos frios.
A eletricidade que passou pelo seu braço com o toque era novidade. Não havia sentido aquela sensação com a tocara pela última vez na Sala Precisa, a arrastando para saída. Seu coração acelerou, sem compreender suas emoções e sensações. Talvez durante a adrenalina não houvesse tido tempo para toda a intensidade do que sentia naquele momento. A necessidade de mantê-la segura era tão forte que havia tomado conta dele.
Tudo o que sentia parecia embolado como em um nó, que se desfazia aos poucos. Entendia o sentimento e a necessidade inicial de salvá-la e mantê-la segura, mas não compreendia o que se alastrava pelo seu peito, mantendo tudo aquilo, mesmo sem necessidade.
Uma parte de si dizia que precisava continuar a fazer aquilo porque era o único que conhecia seu estado; as tosses; as suas crises; a dor que a impedir de se mexer; a água do lago que a ajudava. Por outro lado, não explicava seus sentimentos peculiares. Ele poderia mostrar a Potter o que fazer diante da situação, se livrando de tudo aquilo, mas lá no fundo não queria. Ainda que passasse a responsabilidade se manteria preocupado.
Draco a puxou para cima delicadamente e, ao invés de soltar sua mão, manteve o contato, segurando-a suavemente. Seus olhos se encontraram rapidamente, novamente de maneira intensa, indecifrável.
Ele se virou, caminhando pelo corredor, enquanto Hermione se mantinha quase ao seu lado, sem questionar ou se tentar se afastar de seu toque.
— Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? — ele ouviu mais uma vez Wesley perguntar de forma alta e autoritária atrás de si.
— Rony, agora não é o momento — Harry interveio, alcançando Draco.
Gritos e o inconfundível barulho de combate preencheram o corredor. Seu coração acelerou, apertando mais sua mão contra a de Hermione e agarrando sua varinha com a outra. Dois homens altos e ruivos, um deles Draco reconheceu como sendo Fred Weasley, apareceram no fim do corredor, recuando enquanto duelavam com dois homens de máscara e capuz. Os Comensais haviam entrado em Hogwarts.
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Spectrum (Dramione)
FanfictionHermione Granger sabia que morreria ali e talvez aquele toque gelado em sua mão fosse apenas o anjo da morte a resgatando.