Capítulo 9

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Prisioneiros

Não precisou pensar muito para entender o que estava acontecendo.

Por instinto e adrenalina, Hermione correu até o quarto, procurando por sua varinha no cômodo melancólico. Seu coração acelerado e seu desespero em achá-la denunciavam seu medo. Sabia exatamente do erro que havia cometido e era tarde demais para revertê-lo.

Quando, por fim, a encontrou, pousada sobre a mesinha ao lado da cama, pegou-a e correu de volta para o corredor, quase trombando mais uma vez com Draco Malfoy ao sair do quarto. Ele envolveu seus pulsos e arrastou-a rapidamente até o quarto em que ele ficara, fechando a porta atrás de si.

Hermione o observou caminhar até a estante de livros em câmera lenta, quando ele a puxou para frente revelando uma passagem, seu coração se acalmou minimamente, até ouvir os passos rápidos no corredor.

— Anda logo, Granger! — sussurrou grosseiramente, fazendo-a correr e entrar na passagem sem hesitar.

Para a sua surpresa, havia uma parede de fundo, impedindo-a de ir para além dali. Ela se virou para questioná-lo, mas Draco já puxava a estante novamente, prendendo-os ali dentro e, consequentemente, prensando-a contra a parede. O espaço escuro e pequeno a impedia de afastar-se do garoto, fazendo-a experimentar o incômodo de sua aproximação.

Poucos segundos se passaram para poderem ouvir a porta do quarto em que estavam se escancarar violentamente. Hermione congelou. Não havia vozes, apenas passos. Dessa vez eles não conversavam, apenas procuravam pelo troféu que os aproximaria ainda mais do Lorde, gerando um pandemônio do lado de fora da estante. Seu coração estava acelerado e suas mãos suavam de nervosismo ao lado do corpo.

Os barulhos não demoraram a amainar, fazendo com que ouvissem os passos se distanciando a cada segundo. Quando, finalmente, tudo se acalmou e nenhum deles emetia qualquer som, Hermione soltou o ar que segurava em seus pulmões sem perceber, ainda que a sua respiração estivesse descompassada pela adrenalina de toda a situação. Em seguida, sentiu o corpo de Draco mover-se com dificuldade contra o seu, virando-se lentamente de frente para ela, que automaticamente o encarou.

O local era escuro, mas seus olhos já haviam se acostumado à falta de luz. Ela podia ver claramente a silhueta de Draco Malfoy sobre si. Sentia a respiração dele em seu rosto e, por consequência da aproximação, também sentia o peito dele subindo e descendo de encontro ao seu.

— Ficaremos aqui agora? — perguntou a ele, fazendo sua voz sair entrecortada.

Draco demorou a respondê-la e, quase como se saísse de um transe, Hermione observou seu contorno balançar a cabeça.

— Não. — Ele foi seco. Hermione tremeu com a soar de voz de Malfoy e sabia que provavelmente ele estava irritado pelo que acontecera. — Tome. — Ele levantou minimamente o braço, esbarrando o objeto em sua cintura. Hermione o pegou, notando que o conhecia. Era sua bolsinha de contas. Achara que havia a perdido quando Belatriz os pegou.

— Obrigada — disse instintivamente.

Draco não a respondeu. Hermione o sentiu mover-se mais uma vez contra o seu corpo e levantar mais os braços, em seguida o som de algo tocando a parede atrás de si. Ainda que não entendesse o que ele fazia, ela não o questionou. Apertou entre suas mãos a bolsa que Draco a devolvera e aguardou.

Inesperadamente, a parede que apoiava suas costas sumiu, fazendo com que Hermione perdesse o equilíbrio. Sentiu as mãos de Malfoy enroscarem-se em sua cintura subitamente em seguida, impedindo-a de ir ao chão. Ao mesmo tempo em que ele a segurara, luzes se acenderam, fazendo com que o rosto pálido do garoto fosse iluminado. Não havia emoção em sua face nos primeiros segundos, mas não demorou em o nojo tomar conta de suas feições.

Spectrum (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora