Capítulo 13

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O esconderijo definitivo.

Não havia como conduzir o dragão; o animal não via aonde estava indo e todos sabiam que se ele desse uma guinada ou virasse de barriga para cima, não poderiam se agarrar às suas costas largas. Hermione sentia seu peito disparado, tentava não olhar para Londres abaixo enquanto ganhavam altitude. Agarrada ao dorso do dragão, seus olhos começavam a lacrimejar, entretanto, sentia em seu peito um pequeno alívio pela fuga improvável de Gringotes.

Ela não sabia quanto tempo havia passado, ou sequer reparara se alguém havia dito algo, se faziam ideia para onde estavam indo ou como pousariam. Suas mãos suavam frio e sentia o vento gélido bater em seu rosto com grosseria, o que a fez odiar ainda mais a sensação de voar e estar entre as nuvens. Jamais havia gostado de voar em vassouras, sentia-se ainda pior em cima do animal.

O sol começava a baixar e o céu foi se tornando azul-anil, e o dragão continuava a voar, cidades grandes e pequenas abaixo desaparecendo de vista, sua enorme sombra deslizando pela terra como uma grande nuvem escura. Hermione, assim como os outros, ela imaginava, sentia seu corpo todo doer com a tensão por estar no alto e a força que fazia para segurar no dorso do animal.

— É minha imaginação — pela primeira vez desde que fugiram do Gringotes ela ouviu a voz de Rony. — ou estamos perdendo altitude?

Hermione obrigou-se a olhar para baixo, vendo montanhas e lagos verde-escuros acobreando-se ao pôr do sol. A paisagem parecia se tornar mais graúda e mais detalhada. Não demorou muito para voltar a observar apenas as costas do dragão, sentindo o frio em sua barriga ao perceber que ainda estavam no alto, ainda que, aparentemente, Rony estivesse certo.

— Vamos saltar quando ele abaixar o suficiente! — gritou Harry, enquanto o dragão descrevia grandes círculos espiralados, descendo, aparentemente, em um dos lagos. — Direto para dentro da água, antes que ele perceba que estamos aqui!

Hermione sentiu suas pernas tremerem ao ouvir as palavras e enquanto mais o dragão descia, mais sua barriga parecia congelar. Não o respondeu de imediato, levou alguns segundos para que algumas palavras facas de concordância saíssem de seus lábios, ouvindo em seguida Rony e Malfoy concordando brevemente com Harry.

— AGORA!

Harry saltou assim que gritara e, sem tempo para se preparar psicologicamente, Hermione saltou em seguida, quase junto com Rony e Malfoy. A queda parecia longa e quando bateu na água com violência, sentiu o frio em sua pele, quase a congelado de imediato. Forçou-se a emergir, sem saber para onde nadar para alcançar a superfície. Quando por fim conseguiu, já não havia ar em seus pulmões e ele chegou com uma chuva de tosses.

Nadaram até o lado oposto do lago, abrindo espaço entre colmos e lama, até chegarem, encharcados, ofegantes e exaustos, no capim escorregadio, onde Hermione desmontou, tossindo e tremendo, sentindo seus músculos se contraírem conforme se mexia.

Ao descansar o máximo que pode, sentou-se e pegou em sua bolsinha a essência de ditamno, passando em suas queimaduras e ferimentos. O ditamno era eficaz, mas dolorido, e conforme ela o aplicava em sua pele, a ardência e a dor a fazia se contrair em caretas. Passou o fraco à Malfoy, enquanto Harry ainda fazia feitiços de proteção em volta deles e Rony parecia muito cansado para sequer sentar-se.

A tosse havia passado, mas a dor em seu corpo aumentava gradualmente, ainda sem conseguir definir se era pelo que haviam acabado de passar, ou as consequências de estar naquela cabana voltando novamente.

Hermione tirou alguns frascos de suco de abóbora que pegara do Chalé das Conchas, passando um para cada, e vestes limpas e secas. Draco Malfoy era um tanto maior que Harry e mais magro que Rony, por isso ela esperava que Gui não se incomodasse quando percebesse que algumas de suas roupas haviam sumido.

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