Capítulo 12

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Gringotes.

Os planos estavam traçados, os preparativos feitos; no quartinho mínimo, um único fio de cabelo negro comprido e grosso, conseguido arduamente por Draco Malfoy, estava enrolado em um frasquinho sobre a lareira. Hermione não conseguia imaginar como ele havia o conseguido; depois de tanto tempo confinados, era quase impossível haver resquícios de Belatriz, o único era a marca agora escancarada em seu braço, a qual ela levaria consigo para sempre.

— E você estará usando a varinha dela — disse Harry, tirando-a de seus pensamentos conflituoso em relação a bruxa que a marcara, indicando com a cabeça para a varinha de nogueira em sua frente. —, portanto, acho que estará bem convincente.

Hermione, encostada em um canto, suspirou e apanhou a varinha, sentindo os nós de seus dedos formigarem com o peso do objeto. Ela parecia errada em suas mãos, não só por ela não a pertencer, mas por ser de quem era.

— Odeio essa coisa — sussurrou, falando mais consigo mesma do com outra pessoa. — Realmente odeio. Parece que não se amolda bem... É como um pedaço dela.

— Provavelmente ajudará quando você estiver assumindo a personagem — Rony falou, fazendo-a levantar seu pescoço para encará-lo. — Pense no que essa varinha já fez.

Ela sentiu seu estômago revirar com o comentário desnecessário de Rony.

— Mas é exatamente disso que estou falando! — retorquiu. — Esta é a varinha que torturou os pais de Neville, e quem sabe quantas pessoas mais? Esta é a varinha que... — matou Sirius, quis completar, mas deixou a frase morrer. Era a varinha que havia a torturado e marcado seu braço com aquelas palavras que por anos mexeram com a sua cabeça. Por anos havia sentido o peso por carregar magia, vinda de uma família que não a tinha.

Hermione passou seus olhos pelos os amigos, vendo que ambos haviam entendido o que ela quisera dizer, também completando sua frase mentalmente. O peso daquilo que ela carregava, era maior do que podia aguentar.

Pelo canto do olhou, viu a forma que se encostava bem ao lado da porta se mexer. Não ousou encará-lo, muito menos se dirigir a ele. Depois que Draco a carregara até a cama no dia anterior, conjurara um feitiço complexo para que a ajudasse com a dor, diminuindo sua agonia inicial. A água do lago que a sustentava e que Draco colocara em sua bolsinha de contas antes de saírem da cabana, seria usado apenas em casos extremos, eles concordaram, já que agora seu estoque era limitado e logo terminaria.

O pedira para que não contasse aos amigos sobre suas dores e o sangue, pois sabia que se Harry ou Rony soubessem de sua condição seria apenas mais uma desculpa para adiarem a caçada às Horcruxes e eles não tinham tempo para isso. Quanto antes todas elas fossem achadas, menos gente morreria, menos pessoas torturadas e logo aquele pesadelo terminaria, junto com a batalha final. Precisavam finalizar a missão, antes que o mundo bruxo acabasse em devastação e trevas, antes que matassem seus amigos e suas famílias.

— Você sabe que deveria contar ao Potter — Malfoy tentara a convencer, enquanto limpava o sangue que ela havia cuspido para fora, no quarto. Hermione, ainda que não sentisse mais a dores, havia sentido um peso sob seu corpo, não conseguindo se mover na cama sequer para levantar-se e ajudá-lo.

— Por favor, Malfoy — sua voz soara baixa, ela havia percebido, fraca; quase como se não estivesse lá. Estranhou o som da própria voz em seus ouvidos.

Hermione não ouvira mais nada depois.

A porta do quarto se abriu, fazendo-a voltar para a realidade, e Grampo entrou no pequeno cômodo. Ela viu pelo canto do olho, Harry movimentando-se e trazendo a espada para mais perto de si mesmo, foi quase imperceptível, mas se ela conseguira ver ainda que não olhasse diretamente para o amigo, era provável que Grampo também houvesse percebido. Torceu para que não.

Spectrum (Dramione)Onde histórias criam vida. Descubra agora