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Revirei os olhos. De tantas aulas que se poderia ter, de quantas pessoas, justamente Dayse, minha antiga melhor amiga, estava na minha frente, se preparando para o duelo de esgrima. Respirei fundo, girando a espada na mão, ficando em posição de ataque.

— Você consegue! — Ouvi Jim, meu melhor amigo dizer.

O apito soou e eu avancei primeiro que ela. Ela era uma boa lutadora. Mas não párea o suficiente para mim. Travamos um duelo acirrado, e um passo em falso acabaria com tudo. Percebi pequenos movimentos em minha volta, como o Professor pedindo para Jim abrir a porta. E depois gritos. Foi isso que me tirou do modo luta.

Bizarramente, um homem totalmente desconhecido entrou mancando na quadra. Sua roupa estava suja de sangue seco, e quando seu cheiro pútrido entrou em contato com minhas narinas, quis vomitar.

E foi nesse momento em que me curvei para frente, foi quando percebi o que estava realmente acontecendo.

O homem, que corria agora em direção a Dayse, era um morto-vivo. Apesar de ler quadrinhos sobre os mortos retornarem, nunca imaginei que poderia acontecer. Meu pai, um homem cético, acompanhou todas as notícias pela televisão, xingando Deus e o mundo. Já minha mãe, cuja era separada de meu pai, não estava nem ligando para isso.

Mas, por algum estranho motivo, meu pai pediu para eu levar minha faca para aula. Olhei para as minhas mãos, ainda envoltas na roupa de esgrima e olhei para o outro lado da quadra, onde estava minha mochila. Calculei quanto tempo eu levaria para chegar até lá sem ser percebida. Era impossível.

Mas eu não tinha mais tempo para pensar. Soltei a corda do traje de Esgrima e comecei a correr o mais rápido que consegui, com um walker colado em mim. Tentei bater em sua cabeça com a espada, mas era demasiado fina, logo não surgindo efeito. Com as mãos tremendo, abri a mochila e alcancei a faca, e nesse meio segundo, aquela coisa já estava com os braços em cima de mim. Fiz uma força absurda para conseguir soltar meu braço, e enfiar a faca na cabeça do walker.

Me escondi atrás das arquibancadas e tirei a roupa de esgrima, que só me atrapalharia se eu fosse correr. Olhei em volta procurando uma brecha para conseguir chegar a porta, mas tudo que vi foi a carnificina. O cheiro fétido se fazia presente desde que o homem havia entrado na quadra, mas eu não tinha me acostumado. Respirei fundo para tomar coragem e comecei a correr o mais rápido que consegui, desviando dos meus colegas, agora mortos.

Olhei para trás uma última vez, me certificando se não tinha ninguém vivo. Por meros segundos, vi Jim transformado, me olhando com aqueles olhos leitosos. Ah. Jim estava morto. Não sei quanto tempo fiquei ali, segurando a porta. Parecia ter se passado horas, embora tenha sido em menos de um minuto.

Mas agora eu não podia perder mais tempo. Aquelas coisas, começaram a vir em direção a porta, rosnando. Fechei a porta rapidamente e voltei a correr, o mais rápido possível para o portão secundário, onde meu pai sempre me buscava.

Estava tudo uma loucura. As paredes, antes brancas, estavam pintadas em diversos tons de vermelho. Conseguia ouvir os gritos das pessoas, e esperava que elas estivessem bem longe de mim. Diminuí o passo quando chegue na curva do corredor. Não conseguia ver muito além, mas qualquer coisa poderia estar ali.

Olhei o corredor, que estava com apenas um walker. Ótimo. Eu consigo. Voltei a correr o mais rápido possível, com a faca preparada. A coisa entrou em uma sala de aula, e não reparou quando eu passei correndo, com passos silenciosos.

Para a minha surpresa, o portão secundário estava fechado, mas um homem alto tentava abri-lo. Era o meu pai. Quando ele me viu, arregalou os olhos, apontando sua espingarda.

Cocaine - TWD (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora