Oito meses se passaram. Sim. Oito. Eu e Enid estávamos em Alexandria a oito meses. Também quase completando um ano de namoro. Conversei com ela sobre isso e ela disse que não se importava, e como eu também não, tirei esse peso das minhas costas.
Mas não foi apenas isso que mudou. Alexandria mudou. As pessoas de Alexandria mudaram. Bem, pelo menos uma parte delas. Explicarei para vocês.
Na primeira semana que estávamos aqui, ainda em adaptação, eu apenas agi silenciosamente, conhecendo o espaço e as pessoas. Depois, falei com Deanna sobre as possíveis mudanças. Em ordem foram essas:
1: A segurança dos muros. Elaborando um plano, tive que usar as palavras certas para explicar para Deanna sobre o que realmente acontecia lá fora, e as coisas que tive que fazer. Ela cedeu, depois de uma hora de discurso que fiz.
2: O barracão. Deus, aquele barracão parecia que caiu do céu. Bem, as pessoas de Alexandria não sabiam para o que as máquinas que estavam no barracão serviam, mas eu sim. Estudei isso na Rússia, e quando cheguei nos Estados Unidos minha mãe biológica continuou me ensinando sobre isso. Eram máquinas que podiam fabricar balas. Os moldes para os cartuchos, as máquinas para a bala em si... e quilos de chumbo e pólvora. Mas para poder usá-las, precisei da permissão de Deanna, como sempre, e alguns recrutas. Eu os ensinei a fabricar as balas, e isso foi para frente.
3: A Horta. Não era tão grande, mas grande o suficiente para alimentar a todos pelo menos 1 vez ao dia. Comecei a plantar, depois que saí em uma busca com Aaron, onde encontrei algumas sementes. Acabou crescendo e Deanna cedeu mais alguns metros quadrados para a plantação.
4: Outras comunidades. Sim. No plural. Ao todo, cinco. Hilltop, o Reino, o Santuário, Oceanside e Woodbury. E em cada uma, um acordo diferente. As balas viraram objeto de troca, nos favorecendo. Hilltop nos fornecia legumes e verduras. O Reino, armaduras e, às vezes, lanças. Oceanside, peixes e Woodbury, suprimentos médicos. Com o Santuário, a coisa era diferente. Fornecíamos munição, em troca de eles não procurarem por Alexandria nem matarem um dos nossos. Na realidade, nenhuma das comunidades sabia realmente a localização de Alexandria. Eu fazia as "entregas" todos os meses em cada comunidade. Isso era um ponto positivo. Eu sabia onde eles estavam, mas eles não sabiam onde eu estava. Outra coisa que esqueci de mencionar, quando essas entregas aconteciam, apenas eu e Enid íamos. Não deixei que ninguém, que outra comunidade, conhecesse um dos nossos. Poderia ser alguma ameaça. Ou outra coisa, não sei.
E bom foi basicamente isso. Estávamos vivendo em paz.
Como a paz das pessoas boas dura pouco, Aaron me acordou aquela manhã, dizendo sobre pessoas nos portões. Estranhei que Enid não estava do meu lado, mas apenas esperei que ele saísse para eu me trocar. Agora que Deanna pegou confiança em mim, ela deixou que eu carregasse minhas armas novamente, mas que não as usasse a não ser se fosse um caso extremo.
Como eram pessoas que não conhecíamos, pendurei o rifle, antes guardado em uma caixa na gaveta do guarda-roupa, guardado para eu não carregar peso por aí, nas minhas costas, checando se estava carregado. Quando desci as escadas, Eric apareceu e me empurrou um sanduíche e uma lata de Coca-Cola, que acabara de abrir. Segui até o portão, vendo Enid, Aaron, Aiden, Heath e um pequeno grupo de sete pessoas desconhecidas.
— 10 Mil — Aaron falou. Concordei com a cabeça, mostrando estar escutando, mas estava mastigando.
— Eu? — A pessoa mais nova do grupo desconhecido perguntou confuso.
— Eu — falei de boca cheia. Enid veio para o meu lado.
— Mastigue depois fale, lembra? — disse sorrindo.
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Cocaine - TWD (HIATUS)
RandomE se o mundo virasse de ponta cabeça? E se os mortos se levantassem e tentassem te comer? Basta apenas uma mordida. Um arranhão e tudo já era. Como será que é a vida de um garota de 12 anos nesse mundo?