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Acordei de manhã quando meu pai estava saindo da barraca. Eu dormi ali a pedido de Glenn, depois que ele pegou eu e Sophia no galinheiro aos amassos. 

— Pai, espera — chamei antes que ele começasse a caminhar até o resto do grupo. Ele apenas se virou, mostrando prestar atenção no que eu falava. — Eu queria te contar uma coisa — falei nervosa. 

Ele sentou novamente no colchão, para termos uma conversa olho a olho. Respirei fundo antes de começar.

— Eu e Sophia estamos namorando — desembuchei.

Seu rosto continuou impassivo, e minhas mãos começaram a suar.

— Eu já sabia — disse dando de ombros. — Glenn me contou ontem a noite depois que encontrou vocês duas no galinheiro.

Abri a boca veementemente, chocada.

— E está tudo bem se você estiver feliz — colocou a mão no meu ombro.

— Obrigado — o abracei.

— Pelo quê? — perguntou enquanto me abraçava. 

— Por ser o melhor pai que eu poderia ter.


Tomávamos café da manhã. Todos estavam em silêncio, e um clima pesado pairava sobre nós. Vi Sophia pelo canto dos olhos, me olhando e sorrindo. Abri um sorriso de canto, mas logo fechei, ao ouvir T-Dog falar.

— Ela sorriu — apontou para mim.

— Não sorri não — fechei mais a cara.

— Vi também — Amy abriu um sorriso, que logo foi desmanchado ao ouvirmos Glenn chamar nossa atenção.

— Pessoal — coçou o rosto, visivelmente nervoso. Todos estavam prestando atenção nele. — Então. O celeiro está cheio de walkers.

Todo mundo parou de fazer o que estava fazendo, com os olhos apreensivos. Nós nos amontoamos na frente do celeiro, enquanto Shane olhava por uma das frestas na madeira.

— Você não vai me dizer que está tudo bem — se virou andando em direção a Rick.

— Não, eu não vou. Mas somos convidados aqui — o homem disse. — Essa não é nossa terra.

— Essa é a nossa vida, cara — Shane replicou.

— Fala baixo — Glenn pediu em um sussurro alto.

— Não podemos varrer isso assim para debaixo do tapete — Andrea argumentou, encarando Rick.

— Não é certo. Mas não mesmo — Shane andava de um lado para o outro. Mordi a bochecha, com minha cabeça começando a zunir. Vozes desconhecidas rodavam em minha mente, me dando uma tontura repentina. — Tá, olha. Ou entramos lá e fazemos a coisa certa... ou vamos embora daqui. — Respirei fundo, me concentrando apenas no que o grupo falava. — Temos conversado sobre Fort Benning há um bom tempo.

— Nós não podemos ir — Rick levantou a voz.

— Por quê, Rick? Por quê?

— Porque há coisas para serem resolvidas aqui — falei baixo, mas todos escutaram. — Desculpe, não estou me sentindo bem — andei até o lado de celeiro, vomitando o que comi no café da manhã.

— Olha, desculpa, mas vocês têm que pensar na possibilidade de deixar essa menina para trás — Walsh apontou para mim. — Ela é um monstro! Anda exibindo essas mordidas para quem quiser ver, se achando a porra de um deus!

— Você nem sabe o que está falando — meu pai me defendeu.

— Só estou dizendo o que precisa ser dito.

Cocaine - TWD (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora