10

751 55 77
                                        

O cheiro do café invadiu minhas narinas, me despertando instantaneamente. Eu estava na loja de colchões, onde dormi agarrada com Enid depois do surto. Ela conversou comigo e me acalmou, depois me levou até a loja de colchões para dormir. Meu coração estava quentinho, e eu estava caidinha por essa garota.

Logo depois do cheiro de café, veio o barulho da chapa, e foi aí que eu me levantei. Segui até a cafeteria, encontrando Enid com ali, apenas com a minha camiseta. Chegava até o meio de suas coxas, que expunham agora algumas marcas roxas de chupões. Peguei a camiseta justamente por ser grande, mas agora estava pensando seriamente em deixá-la para Enid.

— Bom dia — cumprimentei a assustando.

— Bom dia — sorriu se virando, mas logo voltou a atenção para a chapa. — Você está melhor?

— Sim, obrigada — sentei na cadeira na frente do balcão. — O que você está fazendo?

— Pão com manteiga — riu leve.

Comemos enquanto conversávamos, deixando o clima leve. O dia foi passando rápido, conforme fazíamos o que tinha que fazer. Enid colocou a roupa para lavar na sauna, onde tinha uma máquina, eu passei aspirador nos colchões, nós trocamos os lençóis... Coisas que seriam habituais antes do apocalipse.

— Enid, isso é para você — entreguei o Walkie-Talkie recarregável. — Para quando estivermos separadas — expliquei.

Ela assentiu, colocando do se lado dos colchões, junto om as roupas. Quando deitamos para dormir, eu e Enid deitamos de frente uma para outra, entrelaçando nossas pernas debaixo do cobertor.

— Khrushchev... — ela começou a frase, mas não a terminou. — Esquece — corou, mordendo o lábio.

Sorri para ela, antes de fechar os olhos.

— Boa noite, Enid.

— Boa noite, 10 Mil.

Já era tarde, e eu estava no mercado, senta em um dos caixas, com os pés em cima da bancada. Estava lendo um dos livros que tinha ali, enquanto brincava com o meu canivete borboleta.

10 Mil? — a voz de Enid soou pelo Walkie-Talkie. — Onde você está?

— No mercado — falei apertando o botão. — Onde você está?

Na sauna. Você poderia trazer para mim... — ela interrompeu a frase, como se tivesse com vergonha de falar.

— Absorventes? — chutei, fechando o canivete.

Sim — ela falou envergonhada. Imaginei que ela estava mordendo os lábios, e sorri com isso.

— Qual você quer? — Comecei a andar pelo mercado, achando rapidamente o local que tinha absorventes.

Qual você usa? — perguntou, ainda parecendo envergonhada.

— Ah... — pensei por um instante. — Uso um coletor.

O silêncio prevaleceu por alguns instantes.

Quero o noturno, com abas — falou rápido e baixo.

Tirei o dedo do botão e ri, achando graça a sua vergonha.

— Você é muito fofa, Kennedy.

Cale a boca.

— Já estou levando — peguei o pacote na mão. — Tome um banho que levo aí para você.

Peguei também uma barra de chocolate, que ela falou ser seu favorito. Desci pelas escadas mesmo, chegando na sauna rapidamente. Deixei o pacote de absorventes e o chocolate junto das suas roupas limpas, saindo dali para ir até à cafeteria. Olhei as instruções de como fazer chocolate quente, fazendo dois.

Cocaine - TWD (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora