Capítulo 17: Deixado para trás - parte 1

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Harry balança sua perna repetidamente, a ponta do pé direito bate no chão incessantemente e ele tem os cotovelos apoiados no joelho e olhos fixos na televisão.

Ao seu lado, seus tios comentam sobre o noticiário e Harry apenas aguarda o comercial. Ele tem dito isso a si mesmo na última semana, mas hoje Harry está decidido a parar de adiar.

Para ser franco, Harry é contra essa coisa toda de sair do armário, quer dizer, que diferença faz ele ser ou não heterossexual? Ele não deveria ser empurrado para todo esse teatro. Mas seus tios são tradicionais, estão esperando que ele leve alguma garota ao baile de formatura e coisa desse tipo, então ele está fazendo para... bem, ele não sabe ainda, provavelmente evitar que eles infartem quando Harry levar um garoto ao baile.

O noticiário entra nos comercias.

— Tio, tia — começa Harry se levantando — preciso contar uma coisa. É importante — avisa ele parando em frente á televisão.

— Você entrou na faculdade? Vou chamar o Dudley! Você precisa dar o exemplo — explode sua tia sumindo para o segundo andar da casa.

Porra. Harry é gay e não entrou na faculdade, ele é a personificação de decepção na visão de seus tios, ele tem certeza. O mais próximo de faculdade que ele chegará é a local. Ele deveria ter feito mais atividades extracurriculares e essas merdas.

— O perdedor fez algo que preste? — Pergunta Dudley entrando na sala enquanto estoura uma bola de chiclete.

Harry odeia ele.

— Não fale assim com seu primo — repreende sua tia enquanto volta a se  sentar no sofá com o celular em mãos, provavelmente esperando para registrar o momento em que soube seu sobrinho irá para faculdade.

— Mas é verdade... — diz Dudley e ele e sua tia começam a discutir.

— Pessoal... — chama Harry parado desconfortavelmente no meio da sala — ... eu sou gay, é essa a notícia — dispara ele.

— O que você disse? — Pergunta seu tio alisando seu bigode e arregalando os olhos.

— Não é sobre a faculdade, eu apenas... — Harry faz uma pausa — ...pensei que seria interessante comentar que eu sou gay, é isso.

Ninguém diz nada e o pior dos silêncios se instala na sala. Seu tio o encara sem piscar, sua tia leva a mão a boca e Dudley o olha entediado, como já soubesse, não há como ele saber sobre os caras com quem Harry já esteve, então ele deve apenas prestar mais atenção nele do que ele imaginava. Assustador.

Quando Harry está a ponto de dizer que tudo não passou de uma brincadeira, para que seus tios não olhem para ele daquela maneira mais, o noticiário volta.

Notícia urgente — diz a âncora com a voz séria — o governo da Inglaterra acaba de anunciar que um furacão se aproxima da costa leste do país.

—  tempestade muito forte — continua o co-âncora — mas em algumas horas o furacão chegará ao Condado de Durham e algumas cidades devem ser evacuadas.

— Puta merda — murmura Harry olhando incrédulo para a televisão quando o nome de sua cidade, Slytherin, aparece na tela.

🌪️

Harry não sabe o que levar, ele pega sua mochila da escola e joga todas as coisas na cama. Decide levar algumas roupas, itens de higiene pessoal, uma HQ dos heróis da Marvel como zumbis e seu celular com o carregador. Sua casa não está na rota do furacão, mas mesmo que estivesse, Harry não é apegado com suas coisas.

Ao redor da casa seus tios trabalham a todo vapor para empacotar as coisas valiosas e álbuns de fotos. Dudley está correndo e perguntando aos gritos onde estão suas roupas - ele decidiu que levará todas. Harry revira os olhos e vagueia pelo Spotify, procurando músicas novas, será uma longa viagem.

Eventualmente seus tios gritam que estão saindo, Harry desconecta seu celular do carregador, enfia na bolsa e desce as escadas, atrás dele, Dudley arrasta a maior mala da casa, com um travesseiro em baixo do braço e o celular na mão.

— Vamos? — Diz Harry quando chega no hall de entrada de sua casa.

— Dudley, coloque sua mala no carro, sim? — Diz sua tia suavemente — eu e seu tio precisamos conversar com Harry.

— Tanto faz — murmura ele batendo a mala na porta da entrada antes de sair da casa.

— Algum problema? — Pergunta Harry confuso ao ver sua tia fechar a porta.

— Vamos até a sala — diz ela.

Harry olha para seus tios desconfiado antes de seguir para o outro cômodo, eles realmente querem conversar sobre sua orientação sexual agora? Faz duas horas desde o anúncio do furacão e Harry pensou que eles só conversariam quando estivessem em segurança.

Mas, ok, quer dizer, é legal da parte deles.

Ele senta no sofá e coloca sua mochila no chão, esperando. Seus tios trocam um olhar profundo, uma conversa silenciosamente antes de sair em voz alta.

— Harry, vamos ser diretos — diz seu tio com as mãos no bolso da calça social — você não pode ir conosco.

Como?

— Querido, nós precisamos de um tempo para assimilar tudo — diz sua tia com um doce estragado em falsa doçura — você não irá com a gente. Tenho certeza que algum dos vizinhos poderá lhe dar uma carona, depois que tudo passar, pensaremos em algo.

— Vocês não podem me deixar! A merda de um furacão está vindo! Eu sou seu sobrinho e eu posso morrer, seus filhos da puta do caralho — grita Harry.

Bom, na verdade, ele não disse nada disso. Mas deveria.

— Certo — é tudo o que Harry diz.

— Tchau, garoto — diz seu tio sem olhar para ele, mas tudo bem, Harry também não consegue encara-lo.

Ele fica um bom tempo sentado, ouve seus tios saindo de casa, ligando o carro e partindo e silêncio. Há muito silêncio.

Eventualmente ele levanta, pega sua mochila e a arrasta escada acima, tira as coisas de dentro e vai ao banheiro, toma banho, escova os dentes e coloca o pijama.

Mas Harry não dorme.

Deixa as cortinas afastadas e senta próximo  a janela, olhando a rua e esperando que seus tios voltem. Duas horas depois ele desiste e vai para a cama.

Programa seu celular para despertar bem cedo, Harry precisa conversar com seus vizinhos, ajudá-los com alguma coisa e conseguir uma carona.

Mas seu coração ainda espera que seus tios voltem.

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♡(> ਊ <)♡

( Essa história não é de minha autoria, é uma adaptação, dou todos os créditos para a obra original de evolvelarry. )

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me, you, the bunker and the stormOnde histórias criam vida. Descubra agora