But everything's feeling different now
Você não pode me julgar.
Apesar de não ter me apressado para sair do quarto, conseguia sentir minha mente gritando MAYDAY, MAYDAY, MAYDAY. Parecia que meu cérebro tinha derretido, não, pior: tinha sido atropelado por um trem desgovernado. Só isso podia justificar o porquê eu me sentia tão... esquisito? É, acho que é essa a palavra.
Cacete, você não pode me culpar, também.
Eu não me sinto esquisito com caras aleatórios, não os que eu beijo todas as semanas e com os quais acabo na cama, vez ou outra.
Mas o problema é justamente esse. Louis não é um cara aleatório.
Não tenho como esquecer dele. Todos os beijos que dei me lembravam o primeiro. E eu queria que ele estivesse ali de novo para sorrir para mim e dizer que também gostava de mim.
— Styles, qual é o seu problema, garoto? — Minha melhor amiga Taylor me questiona, minutos depois, quando já estamos nos gramados.
— Você tá bem, cara? — Zayn me olha como se estivesse esperando os sintomas visíveis de uma doença horrenda.
— Tá tudo bem, sim — formulo as palavras como se estivesse retornando de um sonho assustador. Na verdade, estou assustado. É isso. Ver um fantasma é sempre assim horrível? Justamente o fantasma que você quis rever por tantas e tantas vezes?
Nisso, Liam chega correndo, passando as mãos pelo cabelo mais ou menos comprido (mas menos do que o meu) e contando:
— Vocês não vão acreditar! Meu colega de quarto é o maior filho da puta. Saiu pregando um monte de cartazes ridículos, inclusive na minha parede, e deixou um monte de farelos de Cheetos no tapete! Styles, eu te convoco para uma briga — ele finaliza, me olhando mais de perto, com um sorriso debochado, mas que vai morrendo quando vê a minha cara. — Você também odiou seu colega?
— Não — pontuo rápido, me fazendo perguntar o que Louis deveria fazer para eu odiá-lo. Nunca consegui. Apesar da mágoa, nunca senti ódio. — Ele é legal. Trouxe vários livros — digo, relembrando da pequena pilha que vi na escrivaninha dele.
De repente, lembro-me de uma memória. Eu e Louis dormindo na casa relativamente pequena dele.
Acho que tínhamos uns 8 ou 9 anos. Ele tinha irmãs mais novas, acho que as mais jovens tinham 4 ou 5 anos e eram gêmeas. Lembro dessa noite que lemos "O pequeno príncipe" para elas em uma cabana de lençol improvisada no pequeno quarto. No dia seguinte, eu apanhei uma rosa do jardim da mãe dele e deixei ao lado de seu colchão. Louis riu ao acordar e ver a flor, e eu lembro de gostar de ouvir sua risada infantil ecoar pelo espaço.
Me pego sorrindo pequeno, enquanto Taylor conta sobre sua colega de quarto, que se chama Gigi e que parece simpática.
Faz tantos anos que não remoo essas lembranças; no fim, finjo que elas nunca existiram. Às vezes, me pergunto se foram de verdade ou se eu apenas as projetei na mente.
A ideia é passar o dia longe de Louis, para que o que estou sentindo se organize melhor dentro de mim. Eu sei que vai ser difícil. Todas as vezes que eu olhar para ele vai ser doloroso, vai ser como naquela tarde.
Conheci Taylor, Zayn e Liam na escola, no ensino médio. Coincidentemente, éramos os únicos que realmente se empenhavam no Clube de Música. Então, foi inevitável surgir uma amizade. A King's College London era a minha única opção e quando recebi a minha carta de aprovação, foi um dos melhores momentos da minha vida.
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Too Young
RomanceO segundo maior sonho de Louis está se realizando: ele conseguiu uma bolsa de estudos na King's College London. O primeiro sonho dele, desde os 12 anos, sempre foi reencontrar o melhor amigo Harry e parece que o destino vai ajudar. Louis descobre qu...