PARTE 17

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I'm sorry that I hurt you, darling, we were too young,

now we can finally have a conversation that I wish we could've had before

— O que você quer dizer com isso? — Harry me pergunta com uma voz incerta, imediatamente. Posso ver seus olhos procurando os meus com urgência enquanto ele se rasteja para cima de mim, para ficar mais perto do meu rosto.

— Eu me lembro de tudo — sussurro de novo, com um pesar diferente, encarando-o.

Há um longo silêncio em que considero que ele nem mesmo me entendeu.

— Por que nunca me disse? — sua voz retorna, parecendo frágil. Harry sai de cima de mim e se senta ao meu lado, de costas para mim — Você não sabe o quanto não saber disso me fez mal, Louis.

Eu me sento ao seu lado com rapidez, numa ânsia de fazer alguma coisa, qualquer coisa. Sinto meu coração se espatifar, sendo esmigalhado por um martelo simbólico. Dói o suficiente para eu perceber que preciso dizer toda a verdade.

Até que me dou conta: ele sabe, ele também sabe quem eu sou.

— Espera. Você também se lembra? — exijo saber, exprimindo um pouco de choque e sendo inundado por mágoa e decepção.

Claro. Como eu não me lembraria, Louis? — ele me pergunta, meio aos arrancos, a voz pouco controlada — Lembra que eu disse que houve um dia em que tudo mudou para sempre? Foi você, naquela tarde, quando me beijou.

— Caralho — exclamo baixo, sentindo o peito inchar e fazer a mágoa e a decepção desaparecerem para dar vazão a algo ao muito próximo rendição. — Harry — sussurro com o coração doendo, empurrando meus próprios sentimentos para o fundo da alma. Não quero magoá-lo, não quero que ele sinta raiva de mim, mas acho que lágrimas despontam de seus olhos, porque Harry rapidamente leva seus dedos a eles. Isso me faz sentir pior ainda. — Desculpa, mas eu estava apavorado. E você também não falou nada — acuso-o, suavemente.

— Por que eu deveria falar alguma coisa? — Harry eleva o tom, virando o rosto para mim, denunciando o que eu temo: raiva. — Você nem olhava para mim direito! Como eu ia contar algo assim?

— Harry — seu nome escapula mais uma vez dos meus lábios, e eu tento levar meus dedos para o seu rosto, mas Harry me afasta sem muita gentileza.

— Não, Louis — ele diz, a voz mais quebrada do que nunca.

É claro que vou machucá-lo uma segunda vez. E isso me apavora mais do que nunca.

Harry se levanta da minha cama, abruptamente, atravessa o tapete e cai na dele. Ele se senta pesadamente, flexiona os cotovelos e apoia a testa nas mãos, olhando para os pés. Evitando me olhar. Evitando qualquer coisa comigo.

Não sei o que fazer ou falar para consertar isso, essa distância repentina entre nós.

Mais um silêncio, enquanto ouço Harry respirar de modo irregular e meio que fungando.

— Me desculpa — eu digo, simplesmente. Harry balança a cabeça em negação, ainda sem me olhar. — Nós dois erramos.

— Quando eu errei, Louis? — Harry me encara, o rosto meio tenso. — Quando te mandei aquelas mensagens e você nem mesmo respondeu? Quando eu tive que seguir a minha vida me sentindo incompleto e totalmente inadequado? Quando eu fiz de tudo para fazer você se sentir bem-vindo aqui? — Existe uma pausa que não sei preencher, então apenas fico olhando-o — Eu te disse aquele dia depois da aula. Eu disse que gostava muito de você — ele fala, depois do silêncio momentâneo, com uma voz mais impotente. — Achei que fosse entender.

Too YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora