Too Young

PARTE 3

I've been looking back a lot lately

A King's College London fica numa região que vou pouco. O meu bairro antigo já era meio afastado, mas o atual, onde minha mãe, meu padrasto e meus irmãos moram, é ainda mais. Então, eu quase nunca vim para esta região que não fosse, realmente, para visitar a universidade.

Depois do almoço, passei no dormitório apenas para trocar de roupa e encarei o fato de que estava sozinho em meio a mais de 10 mil alunos. Não queria dar tempo de Harry voltar ali e perguntar sobre qualquer coisa.

Então, dei o fora o mais rápido que consegui.

No refeitório, eu o vi com outras pessoas despojadas como ele. Estava sentado ao lado de uma garota loira com mechas cor de rosa nas pontas tão bonita que, obviamente, poderia ser a namorada dele. Provavelmente, é. Ou ficante, sei lá. Mas não importa.

O que importa é que, depois de passar em alguns salões de entretenimento, estou aqui no gramado e ligo para meu melhor amigo.

Eu já mandei novas mensagens para Hannah e minha mãe, mas preciso demais falar com Niall.

Ele atende depois de seis chamadas. Eu já estou quase desistindo quando ouço sua voz pastosa.

— Niall? — chamo.

— TOMLINSON! — ele grita, subitamente desperto. — Caralho, como foi seu dia?

Nós nos conhecemos na escola do novo bairro, quando eu tinha 12 anos. Nós nos dávamos bem no futebol e, rapidamente, entramos para a Liga Júnior. Infelizmente, o olheiro me escolheu no último jogo, e Niall apenas deu de ombros e me desejou boa sorte.

Eu entrei na King's College por causa de uma bolsa esportiva, é bom você saber. Eu não sabia se ia mesmo conseguir, apesar de ser o capitão do time. Eu pensava: Sério que vão querer mesmo investir em mim?

Mas aconteceu.

E, enquanto estou aqui, Niall trabalha numa pizzaria, desde as férias de verão, no turno da noite.

Ele nunca realmente quis fazer algo depois da escola e até acho que, secretamente, ficou feliz por não ser aceito em nenhuma universidade (ele se candidatou apenas a duas).

— Foi... intenso — Escolho a melhor palavra para descrever o que tenho sentido desde que vi meu colega de quarto basicamente pelado na minha frente. (Obrigado, Deus, por aquela toalha).

— E aí, o que você viu? — Niall pergunta em seguida, meio que ignorando os meus sentimentos, mas tudo bem, porque não quero falar sobre Harry agora. — Não, espera, mais importante: o que você comeu? Aposto que tinham todas aquelas paradas chiques, né?

Tento relembrar o café de boas-vindas, mas não consigo, pois Harry embaralhou toda a minha mente. Porra!

— Só comi uns brioches — Dou de ombros. — Não estava com muita vontade de comer.

Niall faz um barulhinho com a garganta que indica que não apreciamos com a mesma intensidade a comida que nos é oferecida de graça. A verdade é que nunca vi um cara comer tanto quanto ele (e nem estou falando de comida saudável) e ser absolutamente sadio.

— E o seu colega de quarto? — Meu melhor amigo quer saber, ainda naquela voz animada de quem quer viver experiências alheias. Ah, que maravilha, a pergunta que eu me esquivaria para todo o sempre. — É um pé no saco? Vai virar seu melhor amigo? Olha que, se você me trocar por um qualquer, nunca mais volto a falar contigo!