PARTE 10

3 1 0
                                    

You kill my mind,

raise my body back to life

and I don't know what I'd do without you now


Uma semana inteira se vai e, cada vez mais, Louis passa tempo comigo e com meus amigos. Agora não somos mais quatro, mas seis: eu, Liam, Taylor, Zayn, Louis e Gigi.

Quando acordo na sexta-feira, os corredores ainda parecem silenciosos. Mas me viro para a cama de Louis e ele não está ali. Noto a porta do banheiro fechada e percebo que, provavelmente, ele está ali dentro. Olho as horas no celular, o que me deixa ainda mais confuso.

Dois minutos depois, Louis sai do banheiro com o cabelo úmido e só de cueca preta. Louis esfrega os fios com um pouco de selvageria e me diz bom-dia.

— Ainda são 6h45 — informo, com um quê de surpresa, olhando-o da minha cama e me espreguiçando lentamente, sentindo alguns músculos doloridos.

— Eu sei — ele responde; a voz ainda meio esquisita por causa do sono, mas eu a amo mesmo assim.

Louis vai para a sua cômoda e retira de lá uma calça jeans meio rasgada e uma camiseta lisa simples azul escura.

Ele veste as peças, de costas para mim, sem perceber que estou de olho nele, mesmo ainda sonolento. O corpo dele é definido de um jeito diferente do meu, mas ainda assim é atraente. É difícil tirar os olhos dele, mas eu me forço a encarar meus lençóis um tempo depois, caso ele me olhe por qualquer motivo. A verdade é que é bem complicado parar de olhar algo que você deseja há tanto tempo.

— Vai aonde? — tento de novo, me erguendo do colchão e passando os dedos pelos cabelos para deixá-los menos rebeldes.

Louis dirige um olhar rapidamente para mim, antes de responder:

— Vou tomar café com a minha namorada — Existe uma pausa, na qual preciso sufocar o choque e a decepção pela informação; meu estômago vazio parece recheado de pedras de gelo, de repente. É claro que ele tem uma namorada, Harry. — Na verdade, já estou atrasado. — Louis pega o celular do colchão e, sem olhar especificamente para mim, vai até a porta. — A gente se vê.

Ele a fecha sem barulho algum, me deixando sozinho com meus pensamentos em colapso. Caio de novo na cama, encarando o teto, sentindo sensações como ciúme e raiva.

Ele tem uma namorada. Provavelmente, a ama mais do que já me amou quando criança — quer dizer, quão idiota da minha parte é acreditar em um amor tão inocente e distante? Talvez nem fosse amor, talvez ele estivesse confuso, talvez tudo não tenha passado de uma experiência.

Já faz quase duas semanas e ele ainda não me reconheceu.

Meu peito vai se inundando de angústia, algo realmente feio, e eu tento reprimir as lágrimas que pedem passagem.

Caralho, eu sou muito burro!

Tenho raiva de mim mesmo.

— Cala a boca, cala a boca, cala a boca — repito sem parar, afundando as mãos no rosto, em meio à respiração truncada.

Revivo a emoção de ser beijado pela primeira vez por Louis por vários minutos, implorando para que isso se repita em algum momento. Ainda ouço sua vozinha assertiva dizendo que gosta muito de mim. Dizendo "Sun" como um sopro diante do meu rosto. Sorrindo com naturalidade por causa do beijo.

Essa memória nem sempre esteve tão vívida assim nos últimos anos; eu a empurrei para o fundo da alma, numa forma de esquecer do sentimento que nunca consegui deixar de nutrir por Louis.

Too YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora