This morning I woke up still dreaming with memories playing through my head
Desperto quase às 6h30 com meu despertador tocando.
Olho para o lado e Harry está embolado nos lençóis de um jeito engraçado, a cabeça virada para fora da cama, a boca levemente aberta. O cabelo esparramado no travesseiro parece que entrou em uma briga com um passarinho imaginário.
Vejo seu peito nu subindo e descendo, junto com a correntinha dourada, em respirações espaçadas e calmas e quase o invejo. As tatuagens sempre visíveis parecem incríveis daqui, apesar de serem muitas e eu não conseguir distingui-las muito bem. As que mais me chamam atenção são as andorinhas e a borboleta em seu tronco.
Depois de encará-lo por um bom tempo, sentindo alívio por poder fazer isso sem ser julgado e sem me envergonhar, me troco. Faço a minha higiene e saio do quarto sem fazer ruído, para não acordá-lo.
Combinei com Hannah de nos encontrarmos na Buns From Home, uma padaria em Nothing Hill, que fica na metade do caminho entre a UWL e a KCL.
As aulas dela já começaram na segunda, e como não nos vemos há alguns dias, por causa da arrumação do meu quarto em casa e toda a preparação para a King's College, achei uma boa ideia nos encontrarmos para tomar café da manhã juntos.
— Oi, bebê — Hannah sorri para mim, quando chego perto da mesa na qual ela já está acomodada, dentro da padaria. Ela se levanta, estica os braços e os enrola na minha cintura. Eu dou um selinho nela sem pensar muito. — Louis! — ela exclama, meio rindo, meio parecendo brava, quando estou me afastando de seu rosto.
Hannah gosta muito de beijos de cinema e todas essas coisas, mas eu tenho um pouco de preguiça disso.
Em invés de beijá-la de verdade nos lábios, colo minha boca na bochecha esquerda dela de uma maneira que expresse mais carinho que o normal.
— Como foram seus dias? — eu pergunto, quando nos separamos. Meus dedos seguram os dela de forma cuidadosa e acolhedora.
Solto sua mão direita, para me sentar na cadeira da frente, enquanto meus dedos direitos ainda estão nos dela, por cima do tampo da mesa.
— Cansativos — ela responde, abaixando os olhos para o cardápio. — Nossa, se a gente achava que a escola era um porre, a universidade é ainda pior.
— Já estou me preparando psicologicamente — brinco, e aí conto que não sei muito bem o que esperar das primeiras aulas, que vão acontecer em poucas horas; que tentei procurar livros sobre algumas matérias na Maughan, mas não sei se estou no caminho certo.
— Sempre nerd, né? — Hannah comenta de um jeito carinhoso, afagando as costas da minha mão. Eu sorrio sem vergonha. — Mas e aí, como é dividir o quarto com outra pessoa? Graças a Deus, eu preferi ficar em um dormitório solo. Acho que não ia conseguir dividir meu espaço com ninguém.
Meu estômago vazio despenca um pouquinho e eu tenho vontade de ignorá-la.
Não quero falar sobre Harry para ela. De jeito nenhum.
Mas ela insiste, então eu acabo dizendo:
— Meu colega é legal, nada de mais — dou de ombros, evitando os olhos dela, focando os meus nas letras do cardápio. — Quer dizer, em casa eu já dividia meu espaço, né? Então não é muito diferente.
— Você dividia com as suas irmãs. Não com um cara. Imagino que seja mais fácil.
Dou de ombros mais uma vez, desconfortável e tentando soar desinteressado.
— É normal — explico de forma reduzida.
— Qual é o nome dele?
Isso me faz comprimir os lábios.
— Harry.
Hannah não sabe sobre ele, é claro. Ninguém, além de Niall, sabe sobre Harry.
Eu e ela começamos a namorar no finalzinho do penúltimo ano da escola, éramos dupla na aula de Química Avançada. Depois de muitos trabalhos juntos, acabamos nos beijando e, sei lá, de alguma maneira pareceu certo na época. Pareceu que, finalmente, eu podia pensar em alguém para me distrair de Harry.
Meu amor por ela não é algo profundo e arrebatador. Não estou perdidamente apaixonado por ela, nunca estive. Mas Hannah é uma boa namorada e uma ótima garota. Me faz rir e sempre me dá presentes legais no Dia dos Namorados.
É um amor confortável, nada que me tire do prumo.
Nós fazemos nossos pedidos — dois pãezinhos com cookies e iogurte italiano e dois cappuccinos — e conversamos sobre outras coisas. Como está sendo para nossas mães lidar com a separação, como é a University of West London e quais matérias ela já teve durante a semana.
Às 08h15, nós nos despedimos.
Hannah comenta que é uma pena que eu não possa levá-la até a UWL, mas realmente não daria tempo.
Por ser a hora do primeiro hush, chego na King's College quase às 8h50, o que me deixa pouco tempo para correr ao dormitório e apanhar minha mochila.
A manhã transcorre de uma forma legal e meio acelerada. Professores já pedem leituras e eu fico feliz, apesar de meio preocupado. Fico imaginando se vou mesmo dar conta de tudo.
Na escola, eu era um bom aluno. Era interessado e gostava de participar.
Mas, aqui, tenho as minhas dúvidas. Parece que entrei em um mundo totalmente desconhecido, do qual não sei o que esperar. Será que todo calouro sente isso?
Resolvo não almoçar no refeitório. Não porque já estou enjoado da comida (é impossível enjoar), mas porque quero mudar um pouco de ares, quero pensar em outras coisas que não na minha preocupação de ser uma fraude para este lugar.
Vou até o Taco Bell, na A4200, pertinho do The British Museum.
Decido que quero explorar mais essa região, já que tive poucas oportunidades de vir para cá ao longo da vida. Por isso, depois de almoçar rapidamente, vou até ao Museu e passo alguns minutos perambulando pelas galerias. Quando percebo, já estou atrasado para a última aula do dia.
Apresso o passo até a King's College e fico feliz por estar a menos de 20 minutos da universidade.
Confiro a próxima aula — Percepção Musical I — e tento correr pelos corredores da KCL de forma que não denuncie o quanto estou meio desesperado.
Encontro a porta correta e bato, tentando estabilizar meu fôlego. Uma voz masculina diz "Entre" e assim o faço. Vários pares de olhos coloridos me olham, alguns com curiosidade, outros com tédio. Digo um "Desculpe" num tom meio envergonhado, mas o professor simplesmente me ignora, continuando seu monólogo aos alunos já sentados.
Dou o primeiro passo em direção a qualquer cadeira disponível e então o vejo, o que faz meu coração perder o compasso.
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Too Young
RomanceO segundo maior sonho de Louis está se realizando: ele conseguiu uma bolsa de estudos na King's College London. O primeiro sonho dele, desde os 12 anos, sempre foi reencontrar o melhor amigo Harry e parece que o destino vai ajudar. Louis descobre qu...