Even when it hurts like hell,
whatever tears you apart, don't let it break your heart
A casa de Harry continua no mesmo lugar, com algumas reformas. A varanda, agora, é fechada e decorada de um jeito colorido e harmônico. A fachada foi pintada de um verde-água suave.
Harry sobe as escadas com a mão na minha, no completo silêncio.
O quarto dele é o mesmo, mas também sofreu modificações: não é mais pintado com desenhos de estrelas, há agora uma cama de casal e seu armário decorado com adesivos foi substituído por um embutido, preto; há vários pôsteres de cantores pregados na parede, dois são do David Bowie.
Mesmo que o local esteja diferente, eu me sinto em casa. Meu coração palpita de uma maneira saudosista no peito e tenho vontade de chorar de novo. Nunca imaginei que pisaria de novo nessa casa.
Harry me empresta uma camiseta limpa e nós nos trocamos.
Vou para o banheiro escovar os dentes com uma escova que ele me dá, novinha em folha. Me olho no espelho e meu rosto está péssimo. As últimas horas exigiram muito de mim e sei que estou exausto.
Quando volto ao quarto, ele me diz que está avisando o pessoal das últimas notícias e me pergunta se quero ficar para o café da manhã. Eu digo que sim, apesar de me sentir meio envergonhado de dar de cara com Anne. Depois de todo esse tempo em que o filho dela, provavelmente, sofreu pela minha partida, eu volto sem mais nem menos? Talvez ela não goste mais de mim, talvez prefira que eu me afaste de Harry.
Nós nos deitamos, e Harry me comprime em seu corpo esguio.
No completo silêncio e na escuridão, eu volto a chorar, mas bem menos assustado do que antes. Choro por estar aqui, abraçado com ele, também. Por tanto tempo eu quis que isso acontecesse, e está acontecendo de um jeito errado.
— Eu estou com tanto medo, Harry — Minha voz sai distorcida por causa do choro.
— Shhh. Vai dar tudo certo — ele me fala, numa voz tranquila.
Eu quero acreditar nele, quero mesmo, mas não consigo.
Minha mãe é uma mulher incrível. Conseguiu criar tantos filhos basicamente sozinha. Sempre tive uma relação muito boa com ela, mesmo depois que meu pai me viu beijando Harry. Ela fez de tudo para me alegrar na nova casa, no novo bairro e na nova escola. Fazia cookies com carinhas felizes para mim e me comprava livros novos. Apesar de não saber, ela me acolheu com amor em todos os momentos que precisei.
Quando acordo pela manhã, Harry não está ali. Me lembro por que estou aqui, na cama dele, e sinto o coração pesar. Não sei se eu devo me levantar, ou simplesmente aguardá-lo voltar. Em todo caso, por causa da dor de cabeça pela noite mal dormida, decido ficar no colchão.
Estou quase adentrando no sono mais uma vez, quando ouço Harry.
— Lou? — ele sussurra muito próximo de mim.
Abro os olhos com dificuldade e encontro seus orbes verdes me analisando.
— Oi, já são quase 8h — Harry me diz, e noto que está completamente vestido com novas roupas.
Passo os dedos pelo rosto e me levanto. Vou ao banheiro e sinto meu corpo todo dolorido de tensão. Eu recoloco as roupas da noite anterior enquanto Harry me olha.
Sinto cheiro de café e panquecas, e meu estômago dá um solavanco. Quão estranho vai ser rever Anne depois de todos esses anos? Será que Harry contou a ela? Será que me odeia tanto quanto Harry?

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Too Young
RomanceO segundo maior sonho de Louis está se realizando: ele conseguiu uma bolsa de estudos na King's College London. O primeiro sonho dele, desde os 12 anos, sempre foi reencontrar o melhor amigo Harry e parece que o destino vai ajudar. Louis descobre qu...