Capítulo IV

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Meu coração estava acelerado, dando a impressão que iria sair pela boca a qualquer momento, minhas mãos estavam suando e comecei a ficar inquieto. Eu estava a segundos de encontrar minha mãe depois de 30 anos!

Engoli seco quando o portão da casa começou a abrir, não vi ninguém no primeiro momento, mas ao abaixar os olhos, encarei um garotinho de cabelos loiros e olhos castanhos escuro. Mesmo amando crianças, minha voz não saiu quando tentei falar.

Ao perceber que o menino estava confuso, a Aksa se agachou para ficar na altura dele.

— Oi. - ela sorriu - A dona Eliza está?

— Está, vou chamar ela. - o garoto saiu correndo - Mamãe, tem uma moça bonita querendo falar com a senhora!

Mamãe? Esse garotinho é meu irmão?

A Aksa se levantou e me encarou durante alguns segundos, parece que ela leu minha mente e entendeu minha dúvida.

— Ele até se parece um pouquinho com você, Rodrigo. - sorriu e eu aliviei um pouco a tensão.

É incrível como a presença da Aksa me deixava mais calmo, mais tranquilo. Abri a boca para responder seu comentário, mas a voz de uma outra pessoa me interrompeu.

— Desculpa a demora, hoje o dia está corrido. - a mulher sorriu ao limpar as mãos molhadas no pano de prato que se encontrava em seu ombro - O Léo disse que você quer falar comigo.

Engoli seco e encarei-a por alguns segundos, e instantes depois sua feição mudou.

— Espera, seus olhos não são estranhos. - ela franziu o cenho - Eu te conheço de algum lugar!

Fisicamente, eu sou uma cópia fiel do meu pai, e hoje tive a certeza que não puxei nada da minha mãe quando se trata da aparência. "O mar em meus olhos" que a Aksa vive falando, foi uma herança do meu pai.

Eu queria dizer alguma coisa, interromper aquele silêncio ensurdecedor, mas não consegui fazer nada, eu estava paralisado.

— Oi, meu nome é Aksa. - ela estendeu a mão e a senhora puxou-a para um abraço - Prazer conhecer a senhora.

— O prazer é todo meu, moça. - disse sorrindo.

— E esse é meu namorado, Rodrigo Santiago. - o sorriso da mulher se desfez lentamente enquanto seus olhos se arregalavam.

— Rodrigo? - seus olhos se encheram d'água - M-meu filho?

Ao ver seu olhar curioso analisando cada detalhe do meu rosto, tive coragem para dizer a única frase que minha mente conseguiu formar naquele momento:

— Sou eu, mãe. - sorri e ela me abraçou com força enquanto suas lágrimas desciam pesadas.

— Isso não é possível. - disse ainda me apertando - Você voltou, meu filho voltou. Obrigada meu Deus, obrigada!

Não sei explicar o quão satisfatório foi poder abraçar a minha mãe. Até aquele momento eu achava que não sentia falta dela, mas ao vê-la ali, perto de mim, não consegui entender como passei tantos anos longe dela.

— Que palhaçada é essa aqui? - uma voz masculina disse atrás de mim - Eu saio de casa durante 20 minutos, e quando chego, você tá agarrada em outro homem?

Ao olhar para trás, vi um senhor um pouco mais velho que meu pai, barrigudo e uns 5 centímetros mais baixo que eu, com uma feição não muito boa.

— Não é nada disso, Elias. - minha mãe pareceu um pouco aflita, depois sorriu largamente - Esse é o Rodrigo, ele é...

— Eu não quero saber quem é ele. - franzi o cenho - Entra agora, eu quero conversar com você.

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