Já faz uns dois meses desde que o Victor voltou, e mesmo tentando evitar, eu consigo perceber nos olhos do Rodrigo que ele ainda não se sente bem com o fato de seu pai estar vivendo na mesma casa que sua mãe.Porém, desde aquela discussão que tivemos, eu decidi não tocar mais nesse assunto para evitar problemas.
Hoje em dia a nossa rotina está um pouco diferente. O Djevá fica na creche enquanto eu e o Rodrigo estamos trabalhando porque assim ele consegue socializar com outras crianças e aprender o português mais rápido.
A creche do Djevá fica perto da escola do Arthur então, no horário de saída, o Henrique busca os dois e, depois que saio da Mt', eu passo na casa do meu irmão pra pegar o meu pequeno.
Deixei o carro estacionado na rua mesmo porque eu não pretendia demorar, toquei o interfone e poucos segundos depois o portão foi destravado.
— Cadê o pretinho da mamãe? - disse estendendo os braços assim que passei pela porta de entrada.
Ele veio correndo até mim enquanto sorria, depois se aninhou perfeitamente em meus braços.
— Como foi seu dia, meu amor? - perguntei e ele começou a explicar.
Era um pouco engraçado, e até fofo, ver o Djevá misturando o português e o suaíli quando ia explicar algo.
Em meio aos detalhes, escutei meu celular tocar e vi que era Rodrigo.
— Oi, amor.
— Eae, preta. - é incrível como eu ainda sinto um friozinho na barriga toda vez que ele me chama assim - Você já chegou na casa do Dante?
— Acabei de chegar.
— O Djevá tá aí perto?
— Tá. - olhei aquele pinguinho de gente agarrado a minha perna.
— Deixa eu falar com ele rapidinho, por favor.
Entreguei o celular para o menino, e enquanto ele falava animadamente com o pai, fui conversar com Henrique e com Arthur. Mais ou menos uns 10 minutos depois, meu filho devolveu meu celular.
— Pega sua mochila pra gente ir, filho. - disse e depois voltei para a chamada - Ele tá aprendendo o português tão rápido, né?!
— É, pois é.
— O que foi, amor? Aconteceu alguma coisa? - questionei ao perceber seu desânimo - Você nunca me liga nesse horário!
— Não sei, só senti uma vontade incontrolável de ouvir a voz de vocês.
— Que fofo. - sorri.
— Cuidado na hora da volta, tá?!
— Okay.
— Me liga quando chegarem em casa, por favor. - concordei quase desligando chamada - Ahh, preta... Te amo.
— Também te amo! - sorri.
Achei um pouco estranha essa ligação inesperada do Rodrigo, ainda mais depois de perceber que ele não estava muito bem, mas decidi conversar com ele quando chegar em casa.
Peguei as coisas do Djevá, me despedi do Henrique e do Arthur, depois fui em direção ao carro.
Destravei o alarme, coloquei o Djevá na cadeirinha enquanto o mesmo ainda comentava os detalhes do dia na creche.
— Sério, filho? - encaixei os fechos de segurança - E o que mais?
Depois de fechar a porta traseira, abri a do motorista, mas antes de entrar no carro, senti um objeto gelado nas minhas costas.
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After the Dark Journey
Mystery / Thriller* 2° livro da sequência "Dark Journey" * Aksa Fernández, passou por diversas dificuldades até se tornar CEO de uma grande empresa multinacional. Dor, solidão e superação sempre foram seus companheiros de vida, porém mesmo após superar seu maior tra...