Capítulo XV

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Já era por volta das 19:30 quando cheguei em casa, deixei minha bolsa no quarto, tirei os saltos, troquei de roupa e fui até a cozinha.

— Boa noite, Cecília.

— Boa noite, Aksa. - sorriu - Como foi o trabalho?

— Normal. - andei em sua direção - O que você tá fazendo de bom pra gente?

— Tô desfiando o frango pra fazer a galinhada que você tava com vontade de comer. - abri a boca em surpresa.

— Cecília, você é um anjo! - abracei-a e ela riu - Quer ajuda?

— Eu agradeceria. - sorri - Rala as cenouras para mim, por favor.

Enquanto fazia o que ela pediu, ela parou o que estava fazendo por alguns instantes e me olhou.

— Aksa, eu posso te fazer uma pergunta? 

— Claro. O que você quer saber?

— Você e o Rodrigo já estão juntos há muito tempo. Foram quatro anos de namoro, um ano de noivado e vocês vão fazer um ano de casamento daqui a alguns dias, mas ...

— Mas ...?

— Eu não quero parecer inconveniente! - encarei-a sorrindo.

— Pode perguntar, Cecília. Fica tranquila!

— Eu queria saber se ... - arqueei as sobrancelhas em um sinal para ela continuar - Se vocês nunca pensaram em ter filhos? Aumentar a família? - olhei para cima e respirei fundo - Se não quiser responder, tudo bem. Sei que é uma pergunta invasiva ...

— Não, tudo bem. É só uma pergunta! - pensei um pouco - Bom, esse é o único assunto em que nossas opiniões se diferem. O Rodrigo sempre teve o sonho de ser pai e construir uma família grande, já eu nunca quis ter filhos. Nós já conversamos sobre isso uma vez e ele me entendeu, disse que respeitava a minha decisão, mas pediu para eu pensar um pouco melhor na ideia.

— E por que você não quer ter filhos?

— Ser mãe é uma responsabilidade muito grande, você sabe disso. - assentiu - Ter filhos é algo irreversível, não tem como voltar atrás depois de ter colocado no mundo. - sorri cabisbaixa - Eu também tenho medo de não conseguir acompanhar o crescimento do meu filho, de ter que deixá-lo crescer sozinho.

— Você tem medo do seu filho passar pelo que você passou, não é? - assenti com os olhos marejados.

— Não quero colocar um filho no mundo para ele ter que sentir o vazio que eu senti.

— Talvez seja diferente com vocês dois, Aksa. - ela sorriu e segurou minha mão - Você e o Rodrigo são o casal mais lindo e admirável que eu já vi, tenho certeza que serão pais incríveis.

— Ser um pai ou mãe incrível não te torna imune às tragédias da vida, Cecília. - disse tranquilamente e ouvi o barulho do portão abrindo - Mas, vamos deixar esse assunto de lado, melhor focar na galinhada porque meu estômago está roncando. - sorri e ela fez o mesmo.

Alguns minutos depois, Rodrigo adentrou a cozinha.

— Boa noite, meninas.

— Boa noite, amor. - disse ao senti-lo beijar o topo da minha cabeça.

— Boa noite, senhor Rodrigo.

— Preta, eu vou subir pro meu escritório porque preciso resolver alguns assuntos da delegacia. Quando a comida estiver pronta, você vai lá me chamar?

— Claro.

Ele deixou a cozinha e um tempo depois, quando o jantar estava quase pronto, a Cecília disse que eu já podia ir descansar porque faltavam poucas coisas para terminar.

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