Capítulo XXIV

198 22 11
                                    


Atravessei o estacionamento do hospital em uma velocidade absurda e troquei menos de três palavras com a recepcionista antes de entrar no elevador.

— Boa tarde. - uma mulher disse quando a porta se fechou.

— Boa tarde. - respondi ofegante.

— Notei você há alguns dias atrás e te achei muito bonito. - revirei os olhos internamente - Me passa seu número, aí a gente combina de sair pra fazer alguma coisa depois.

Essa porra de elevador só fica lento quando estou com pressa. Sem contar que nunca entra outra pessoa quando eu preciso!

— Então, o que você acha? - segundo andar - Você gosta de beber? - terceiro andar.

Finalmente.

— Desculpa, moça. - saí do elevador assim que a porta abriu - Eu sou casado!

Praticamente saí correndo por aquele corredor até ver a Let sentada, em frente à porta do quarto, com os olhos inchados.

— O que aconteceu? - perguntei ofegante ao me aproximar - Fala, Letícia.

— A Aksa, ela... - um mini sorriso surgiu em seus lábios - Ela acordou, Rodrigo.
Fiquei sem reação.

— O que? - pisquei algumas vezes.

— Ela acordou, e chamou você assim que os médicos retiraram a maioria dos aparelhos. - engoli seco por não acreditar no que estava sendo dito - Vai lá. Ela está te esperando!

Me virei e abri a porta do quarto automaticamente, sem conseguir processar aquela informação.

Acordou? Minha esposa acordou?

Caminhei lentamente pelo pequeno corredor, e assim que cheguei na parte mais iluminada do quarto, meu coração quase parou ao vê-la olhando para mim.

— Boa tarde, delegado. - disse sorrindo com a voz fraca - Sentiu minha falta?

Parei ao lado da cama com a boca aberta e os olhos cheios de lágrimas. Só acreditei que aquilo era real quando, lentamente, ela aproximou a mão da minha.

— Você não cansa de me assustar?

— Nosso relacionamento é baseado em ação e suspense desde o início, quem sou eu pra quebrar o ciclo? - sorriu fraco - Mas, preciso ser mais cuidadosa a partir de agora. Já gastei três vidas, só restam quatro! 

Acariciei seu rosto e sorri enquanto algumas lágrimas desciam.

— Como, preta? - perguntei abismado.

— Eu ouvi você. Quando me chamou!

— Qual das vezes?

— Todas elas. - ri de leve - E meu pretinho? Como tá?

— Enorme e muito inteligente. Ele sentiu muito a sua falta, e eu também! - ela entrelaçou nossos dedos e encarou meus olhos.

— Tá tudo bem, eu já acordei. - beijei o dorso de sua mão, fechei os olhos e respirei aliviado.

— Licença, casal. - o doutor Pedro disse ao entrar no quarto - Não quero atrapalhar o momento, mas preciso fazer uma avaliação nela.

Me afastei e dei espaço para que o médico fizesse o trabalho dele com o auxílio de uma enfermeira. Cerca de 30 minutos depois, a avaliação terminou.

— Eae, doutor? Como ela tá? - perguntei.

— Muito bem, até melhor do que eu esperava que ela estivesse. Mesmo em coma, sua recuperação física foi quase perfeita, Sra.Fernández. Acredito que não vai demorar muito para eu lhe dar alta, mas ainda vou manter você aqui por alguns dias em observação.

After the Dark Journey Onde histórias criam vida. Descubra agora