Estou na Itália a exatos cinco dias, desde que cheguei pareço viver um sonho que por três anos idealizei como pesadelo. Em mim formentava a idéia se é que se um dia Serena se aproximasse do pai seria rejeitada, o Luigi que conheci e me apaixonei virou uma utopia enquanto eu alimentava em meu interior que o homem apenas se tratava de um aproveitador frio e covarde.
Hoje sentada em uma movimentada praça no centro de Milão enquanto o assisto o italiano brincar com minha filha de forma amorosa consigo identificar que todo o conceito sobre ele que criei durante esses três anos foi na verdade um muro que construí para viver o luto, o luto de ter me sentido abandonada, o luto da saudade, o luto de quere-lo perto e não o ter ali.Desde que comecei a viajar pelo mundo para modelar sempre rejeitei as propostas para a Itália, sequer sonhava que o homem estava aqui, mas só de pensar que pisaria em sua terra natal me sentia fraca e disposta a fugir de tudo que sentia por ele cortei os laços invisíveis que tínhamos de forma abrupta, entretanto um laço específico e inquebrável me fazia lembrar do europeu sempre que olhava o seu rosto. Os olhos verdes latejantes e as singelas covinhas refletiam lindamente a imagem de seu pai e ainda que eu tentasse fugir era impossível, ele estava sempre por perto, estava na personalidade forte de Serena, em sua sinceridade, na pele alva e no instinto de liderança que carrega dentro de si.
Quando fui contactada para o Milan Fashion Week minha primeira ação foi informar ao meu empresário que não iria, não o dei explicações e sequer quis prolongar o assunto, apenas disse que não. Apesar de terem se passado anos eu não estava pronta para conhecer o país do europeu, meus muros emocionais não foram suficientes para que eu conseguisse o impacto estrondoso que o empresário teve em minha vida e eu ainda me agarrava a idéia de que me afastar de qualquer coisa que me lembre ele era o ideal, mas não, nunca foi.
Em um insight resolvi aceitar o convite, e disposta a lidar de uma vez por todas com minha angústia resolvi trazer Serena junto comigo, pois mesmo que não entenda um pedaço dela pertence a esse país e eu queria que ao menos uma vez minha filha tivesse contato com suas raízes italianas.E agora estou aqui, meu maior pesadelo se transformou em um sonho que sempre esteve presente em mim e que sempre fiz questão de negar. No fundo de meu coração tudo que mais quis desde o nascimento de Serena era vê-la junto ao seu pai, reconhecendo nele os trejeitos que carrega, parte de sua personalidade e os traços físicos que puxou do mesmo.
Tudo que mais almejei em todo esse tempo foi uma.. uma.. uma família.
Sim, uma família.. a nossa família.
Nossa..O plano de hoje era um encontro de "família", enquanto Antonela e Luigi se divertem com Serena estou sentada a aproximadamente 20 metros de distância com Vicente e sua namorada na toalha estendida na grama do piquinique que estamos a fazer.
— Já conversou com ele Lorena? – a voz de Vicente me tira de meus devaneios fazendo com que eu volte minha atenção ao rapaz.
— Ainda não.
— O nosso vôo sai amanhã as 15h, achei que ele já soubesse disso – informa o fotógrafo fazendo com que um incômodo que antes estava adormecido apareça outra vez.
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SFOGARSI
RomanceTrilogia Europeus 1° ERLEBNISSE 2° SFOGARSI 3° INEFABLE Não é necessário ler o primeiro livro para que haja compreensão dessa história! Luigi mudou-se para o Brasil a dezenove anos juntamente com sua esposa Michela. Vindo de uma família consideravel...