• três •

91 16 1
                                    

Após descobrirem que Jasper havia trabalhado na Darkling Associados. Alina e Malyen decidiram visitá-lo primeiro. Ela estava determinada a saber tudo sobre o homem que era exatamente igual ao amor da vida dela.

Mais um final de semana na Escócia. Alecsander estava extremamente satisfeito. Ele amava fugir de Londres, da vida agitada, do barulho infernal, de todas aquelas luzes. Eram muitas luzes naquela cidade. Isso o incomodava. Dessa vez Josephine chegaria apenas para a missa de domingo, então ele cavalgava sozinho pelas montanhas escocesas.

Vez ou outra uma imagem se repetia. Alina Starkov. A atriz ganhadora de prêmios. Que passou mal em sua frente. Talvez Josephine tivesse razão, a energia de Malyen e dela os atraia. Mas Alina também era repleta de sombras, Alecsander conseguiu perceber. Ele e Josephine foram criados para analisar pessoas e as convencê-las.

E eles eram muito bons nisso. Josephine era centrada, autoconfiante e poderosa. E havia luz nela, ela emanava gentileza e apesar de extremamente competente, Alecsander nunca viu a irmã destratar ninguém. O mesmo não acontecia com ele. Ele tendia a ironia e ao sarcasmo e era solitário. Não confiava muito.

- Ideias mirabolantes na cabeça, Alec? – disse James observando o filho parado na frente do castelo. Alecsander lembrava a família Darkling em diversos aspectos. Na grandeza da postura e no refinamento. Na tendência a solidão também.

- Ola, pai. Não, estou bem. Apenas o escritório. – respondeu ao pai balançando a cabeça.

- Vou sair para caminhar, quer vir? – Alec ouviu o pai perguntar. E o acompanhou sem nem responder.

Aquele castelo tinha muitas lembranças. Como todo lugar velho, na opinião, de Alecsander. A família Darkling estava ali por gerações. Resistiu fortemente a invasão inglesa e quase foi aniquilada. Talvez por isso Darkling sentisse tanta culpa por terem levado o escritório a Inglaterra. A Escócia tinha tradução e magia. Muita energia antiga. A Inglaterra se render a luz e a ciência. Mas não libertava os países que ainda mantinha unido a ela.

- Ainda pensando sobre a mudança do escritório? – disse James observando o rosto pensativo do filho. Ele sabia que Alec foi resistente a ideia. Mas era o melhor a ser feito.

- Não sei. Ainda não acredito que deixamos a Escócia. – Disse ele sem olhar para o pai.

- Não deixaram a Escócia. Ela está aqui e  aqui. – disse James apontando para a cabeça e para o coração de Alec. – Você é escocês, sempre será Alecsander. O local do seu trabalho não importa.

- Alecsander é a frieza e Josephine a confiança. – disse Jasper enquanto bebia um gole do café. – Eles são muito bons, mas o trabalho não era para mim. Eles querem clientes importantes e eu queria outros projetos.

- E como ele é? Alecsander. – perguntou Alina interessada. – Quero saber exatamente com o que lidaremos se optarmos levar o caso para ele.

Jasper sorriu. Sabia que havia coisas a mais, mas nada disse. Ele era um grande advogado e sabia ler as pessoas. Mas raramente revelava isso.

- Ele é um enigma. Quando entramos na faculdade ele era veterano. O rei das festas. Todos nós somos escoceses, é claro, ele fazia as melhores festas e estava sempre acompanhado de pessoas que todos queriam estar. Mas era solitário e mesmo no meio da multidão sempre me pareceu sozinho demais, exceto pela presença de duas  pessoas, Josephine e Nikolai. Ela, a irmã e ele o melhor amigo. Quando eu e Nikolai namoramos ele se preocupou muito e me disse para cuidar bem dele. Somente essas duas pessoas amolecem Darkling. Ele é muito enigmático apesar disso, não se sabe os sentimentos dele. Nunca o vi em um relacionamento afetivo.

Malyen observava Jasper contar tudo sobre Alecsander e ficava mais preocupado, pois ele realmente fazia a linha engravatado problemático ou rico problemático e Alina já tinha se magoado demais.

- Entendo. – disse Alina estendendo a mão a Jasper. – Obrigada pelos seus serviços Jasper. Foi de grande ajuda.

Quando Alina saiu e Malyen agradeceu Jasper ele apenas disse.

- Não tomem Alec como um tolo, seja lá o que quiserem com ele, ele vai saber antes que vocês mesmo saibam. – disse Jasper convicto.

Alina saberia tudo sobre Alecsander. E naquela noite ela voltou ao bar para esbarrar com ele, afinal era segunda feira.

Ao se sentar ao lado dele ela acenou ao garçom que trouxe duas bebidas e colocou uma na frente do homem ao seu lado que prestava atenção no rugby na tv.

- Achei que na Escócia eles gostavam de futebol também? – ela disse observando as reações dele.

- Alina Starkov, você está bem hoje. – Darkling abriu um sorriso que derrubaria 300 pessoas, mas Alina via a frieza.

- Ah sim, muito obrigada por me segurar naquele dia, foi muita gentileza sua. – disse ela ainda olhando para frente e o vendo pelo canto dos olhos.

- Nós gostamos de futebol, mas não é como se eu tivesse opção. – disse ele observando ela acenar para o garçom trocar o canal gentilmente.

- Vejo que consegue o que quer, senhorita Starkov. – disse ele com riso na voz.

- Na maioria das vezes, senhor Darkling. – ela respondeu. Alina era atriz. Ali não era ela quem estava presente, mas sim a mulher que descobriria a relação de semelhança. - E eu tenho uma reunião marcada com o senhor amanhã pela manhã. Eu e Malyen escolhemos o seu escritório para o caso que temos em mãos.

- Obviamente o ganharemos para você, senhorita. – ele respondeu convicto.

Após algumas doses, mais para Alec do que para Alina eles foram dançar. Alina se concentrou no rosto de Darkling e como lembrava Antoine. Ao entrelaçar os braços no pescoço do homem que a lembrava o amor de sua vida e após algumas doses ela dançou como não dançava havia meses.

Eles estavam dançando. Juntos e para pessoas que não se conheciam, juntos até demais, mas ele não se importava. De alguma forma, aquele encontro fez algo tremer dentro dele. Alec não sentia seu coração bater por muitas coisas, mas naquela dança com o rosto dela junto ao seu ele sentiu algo que para qualquer um seria importante, mas para ele era assustador.

Darkling a levou em casa e ela se despediu dele com um beijo na bochecha próximo demais. Ela ouvia a respiração dele. Alina se concentrava tanto na semelhança entre Antoine e Alec que se esquecia que eles não eram a mesma pessoa.

Para ela era um anestésico para a dor que sentia com a ausência de Antoine. Quando aproximou os lábios para beijá-lo na bochecha sentiu a proximidade e encontrou os lábios dele. Ele correspondeu doce e sutilmente. Ela se afastou e saiu do carro.

Aquela noite algo muito esquisito começou.

Luzes da Cidade: Alina e AlecsanderOnde histórias criam vida. Descubra agora