Em Busca do Infinito {LOKI} [Em Andamento]

Capítulo 10

Lys...

Uma voz aveludada masculina banhada de carinho e preocupação sussurrava adentrando meus ouvidos conforme a escuridão diminuía.
Puxei o ar com força para dentro de mim, fazendo com que uma sensação de queimação se instalasse em minhas narinas e garganta. Sentei-me na cama, tentando me acostumar com a escuridão do cômodo em que eu me encontrava.

Senti as mãos de alguém me segurando, os dedos longos e frios faziam carícias leves em meus braços.

Pisquei algumas vezes olhando ao redor procurando por algo que denunciasse onde eu estava.

- Seu quarto. — A voz pronunciou baixo, quase imperceptível mas quando reconheci o som, ao adentrar meus ouvidos, fez com que um arrepio percorresse por todo meu corpo. Caindo a ficha de que eu estava sozinha, em um quarto escuro... Com ele.

Me afastei daqueles braços, daquela voz, daquele homem. Não por medo, mas sim por receio. Mesmo sabendo que não o fizera por mal, algo dentro de mim gritava ordenando que eu saísse daquele lugar, saísse para longe dele.

Fiquei próxima a janela aberta, a brisa noturna adentrou meus pulmões fazendo-me respirar agora mais levemente, mesmo que a sensação de desconforto fosse crescente em meu peito.

Loki movimentou os lábios para dizer algo mas se deteve, mantendo agora uma face reservada e indecifrável enquanto se acomodava sentado na cama, com as mãos para cima em rendição.  Parecia tentar escolher as palavras certas, desconfortável.

- O que está fazendo aqui? - abracei meu próprio corpo e me encostei no vidro transparente da janela atrás de mim. A sensação gélida percorreu toda minha região costeira, arrepiando todo meu corpo em contato com o frio.

Ele observava cada movimento meu, tentando não demonstrar nada mas sua respiração irregular o entregava, estava nervoso.

-Eu ouvi você gritar e...

- Você viu? — senti a bile em minha garganta. Meu estômago se revirando ferozmente e meu coração parecia querer sair pela boca a qualquer momento. Ele sabia sobre o que eu estava me referindo, pois ele não precisava de convite para entrar em minha mente enquanto eu estava acordada, quem dirá quando estava inconsciente. E só de imaginar o estrago...

- Sim. — aquilo bastou para romper uma parte de dentro de mim. Parte essa que eu havia me esforçado para esconder. Em vão, sem sentido. Agora ele sabia, se já não soubera antes, se minha feição quebrada não me tivesse entregado, entregado que eu estava destruída por dentro e tivera um passado mais destruído ainda.

Ele se levantou e começou a vir em minha direção, mas percebeu quando eu tentei me afastar batendo contra o vidro frio. Ele se deteve, parando em pé, com as sobrancelhas arqueadas e seu olhar entregava que a única coisa que ele sentia dentro de si, era a pena.

- Eu não vou machucar você, só quero conversar. — rendido, preocupado, sua voz soava baixa, quase como um sussurro. Esperando uma resposta, esperando que algo dissesse à ele que eu não surtaria naquele momento, vontade não me faltava mas ele já havia visto demais sobre mim em um único dia.

Desde que ele adentrara minha vida, já havia visto tanto... Coisas que nem meus amigos mais próximos imaginavam, ele chegou e tomou para si sem antes pedir permissão, ou se importar se aquilo me magoaria de alguma forma. Chegou invadindo minha mente e se sentindo o rei por tal feito.

Com um movimento de cabeça eu concordei, mas permaneci no mesmo lugar, minha respiração estava calma o suficiente para nem isso nós escutarmos, apenas o som noturno da floresta que cercava a casa.