II

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Não era primeira vez que Sehun a fazia passar por aquilo, lógico que não gostava da situação, mas não tinha o que fazer, não podia nem pensar em se separar dele. Não tinha emprego, não tinha estudos, não sabia fazer nada e sua família e amigos iriam se virar contra. Não que tivesse muitos amigos também, eram somente as pessoas da igreja, nunca poderia contar com nenhum deles, seu marido era o líder, ela era somente um adereço que acompanhava Sehun.

O corpo doía da noite sem dormir, ainda tinha vários pontos irritados e coçando e quando se olhou no espelho logo de manhã viu as olheiras escuras e olhos vermelhos. Sentia se horrível fisicamente e psicologicamente.

Foi até a cozinha preparar o café da manhã, correu até a padaria comprar o pão logo na primeira fornada, Sehun gostava do pão sempre fresquinho, enquanto ele comia, foi preparando a marmita que ele levava todo dia. Por sorte ele não vinha almoçar em casa, ia ser muito mais difícil suportar reclamações duas vezes por dia.

Assim que Sehun saiu, Irene tentou
relaxar um pouco, tinha várias coisas para fazer, mas estava totalmente sem pique. Voltou a deitar e tentou dormir mais um pouco, só conseguiu cochilar, seu senso de dever ficava apitando na cabeça e dizendo que não era certo uma mulher trabalhadora ficar dormindo até tão tarde, não que fosse assim tão tarde, mas ela não conseguia se livrar da sensação.

Foi varrer a frente de casa e da igreja como fazia todos dias, fez isso com uma lentidão enorme, o corpo não queria responder ao comando do cérebro para agir mais rapido.

Notou a moto parada em frente a casa
vizinha, curiosidade não era uma coisa legal, mas ela queria muito saber que estavamorando ali.

Uma garota de uns 26 anos mais ou menos saiu de dentro da casa, parou na calçada se espreguiçou e ficou olhando para a rua, então a garota se vira e olha para Irene. Um choque percorreu sua espinha, Irene ficou atordoada, nunca tinha visto uma mulher tão bonita assim pessoalmente, parecia aquelas moças que ela via em revista de moda ou nas poucas vezes que assistia tv.

Era alta, com o peso bem distribuido, os cabelos rebeldes escuros batiam quase na cintura e olhos eram de um castanho hipninotizante, era simplesmente linda e então ela sorriu. Nessa hora o mundo pareceu parar, na verdade era a vontade de Irene, que o mundo parasse e ela pudesse olhar um pouco mais a garota.

Então se deu conta do absurdo que estava pensando. Como assim ficar toda desse jeito por uma mulher, não era primeira vez que achava uma mulher bonita, mas não gostava da sensação, era muito muito errado.

A garota caminhou até onde Irene se
mantinha parada.

— Bom dia! Acabei de mudar e ainda não conheço nada por aqui, será que você tem um pouco de pó de café para me arrumar?

Irene não disse nada, ficou olhando aqueles olhos castanhos que a fitavam de forma intensa.

— Meu nome é Kang Seul-gi, você mora aqui, certo?

Ela saiu do transe e começou a prestar
atenção na conversa.

— Oi, sim eu moro aqui, meu nome é
Irene.

— Prazer em te conhecer, Irene.
Seulgi estendeu a mão e Irene apertou, sentiu um calor subindo pelo braço e atingir seus pensamentos.

— O prazer é meu. Eu não tenho café solúvel, serve o café comum?

— Ainda bem, odeio café solúvel, é tão fraco. Gosto de um café bem forte. — Seulgi falou e logo após sorriu.

Mas uma vez aquele sorriso lindo deixou Irene sem ação.

Resolveu entrar logo em casa e pegar o café, queria se livrar logo da vizinha e ao mesmo tempo continuar a conversar, estava totalmente confusa.

Levou um copo com pó de café e entregou a Seulgi que se mantinha parada na calçada olhado por tudo.

— Nossa obrigada você simplesmente salvou o meu dia. Depois devolvo seu copo e o café que me emprestou.

— Não foi nada.

— Vou precisar de ajuda para localizar pontos básicos aqui no bairro, sabe... Farmácia, quitanda, mercados, essas coisas. Pode me ajudar depois? - Seulgi perguntou.

— Posso, quando você quiser.

— Você é muito gentil Irene, Obrigada.

Seulgi se despediu com um beijo no rosto e Irene passou o dia todo pensando na nova vizinha.

A noite quando Irene foi dormir, ainda podia sentir o beijo da outra em sua bochecha.

O último pensamento antes de adormecer foi: "isso não é bom, nada bom."

A Mulher Do Pastor - SeulReneOnde histórias criam vida. Descubra agora