XIV

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Seulgi nãoo conseguia se concentrar no trabalho, por sorte hoje não havia nenhuma foto para fazer, só editar as que se acumulavam no seu computador. Às horas pareciam se arrastar, por algum motivo que ela ainda não entendia bem sentia uma imensa vontade de falar com Irene, desvendar ou decifrar aquele olhar assustadiço e triste.

Tinham se conhecido a poucos dias, mas Irene despertava em Seulgi algo bom que ela nem mesmo sabia que ainda poderia sentir. Uma amizade de verdade talvez.

Finalmente deu meio-dia. Pegou sua bolsa e foi para casa, nem se importou em comer nada, sentia um pouco de ansiedade, logo ela que era tão descolada, ficar nervosa por causa de um bate papo com uma amiga, estava começando a se estranhar, talvez precisasse voltar a sair a noite como antigamente.

Chegou na casa de Irene e bateu na porta, a outra abriu rápido, tinha aqueles lindos olhos castanhos arregalados e olhavam Seulgi com medo.

- Olá, Irene. Ainda se assustando comigo?

- Quer entrar?

- Sim. Não vou tomar muito do seu tempo. Só queria fazer algumas perguntas.

- Entre.

Irene abriu espaço para Seulgi entrar. A casa não era grande, tinha móveis velhos, mas era tão limpa e arrumada que chegou a sentir inveja. A sala ficava próxima a cozinha e Seulgi sentiu um cheiro maravilhoso de comida vindo de lá, sua barriga roncou em protesto pela falta de alimento. Irene notou.

- Seulgi, você ainda não almoçou?

- Não, eu nem me lembrei, queria muito falar com você.

- Então explica isso para o seu estômago, parece que ele não entendeu bem a intenção.

Era primeira vez que Irene fazia uma piada e por mais boba que tenha sido, Seulgi começou a sorrir.

- Nossa!!! Quem diria. Você sendo irônica?!

Um leve sorriso tímido surgiu no rosto de Irene.

- Agora você vai comer algo, o que tem para me falar pode esperar mais alguns minutos, não pode?

- Não tô muito afim de ir para casa cozinhar.

- E nem vai ser preciso, almoça aqui. Já vou logo avisando que a comida é simples.

Foram até a cozinha, Irene colocou um prato na mesa e serviu Seulgi, arroz e feijão recém preparados, batata frita e bife, o sabor era perfeito, tanto pela comida como pela fome que estava sentindo, pensou em comer mais uma vez mas ficou com vergonha.

Agora já podiam conversar sem que a barriga de Seulgi ficasse fazendo aquele barulho como se houvesse dois cachorros brigando ali dentro.

- Eu queria te pedir desculpa por outro dia, estava tirando fotos suas e não sei o que fiz de errado, você saiu correndo daquele jeito e me deixou preocupada. Seja lá o que foi que fiz, me desculpe, não foi de propósito.

O rosto de Irene ficou escarlate, Seulgi começou achar aquilo tão fofinho.

- Você não fez nada, eu só me lembrei que tinha deixado uma panela no fogo.

Fingiu que acreditou, mas Irene mentia muito mal. Aquela resposta ao invés de esclarecer algo só deixou Seulgi mais intrigada ainda.

- Então menos mal. Mas outra coisa, por que fingiu que não me conhecia quando falei com você e seu marido?

Dessa vez a demora para responder foi bem mais longa, Seulgi esperou pacientemente, um, dois minutos e nada, o silêncio estava ficando constrangedor quando Irene respirou fundo e respondeu.

- Isso é meio complicado Seulgi, não sei como te explicar, meu marido controla tudo, entende?

- Mais ou menos. Você quer dizer que ele controla até suas amizades?

- Sim, tudo.

- E eu não sou uma boa amiga para você? Prefere que não nos falemos mais?

- Claro que é uma boa amiga, só não quero que ele saiba, não quero que tenha problemas, ele é um pouco radical com quem não possui religião. Você entende?

Não, ela não entendia, cada um devia
viver como desejava, sem que sofresse algum preconceito com isso, agora gostava cada vez menos do Pastor Sehun, mas fez que sim o cabeça.

- Entendo. Mas da sua parte está tudo bem?

- Sim, quero muito ter você por perto.

Essa última frase fez uma lasquinha do coração gelado de Seulgi derreter.

A Mulher Do Pastor - SeulReneOnde histórias criam vida. Descubra agora