XIX

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Quando chegaram ao supermercado
Irene desceu da moto e suas pernas estavam bambas, mas não sabia dizer se foi por medo da viagem ou por ter estado tão próxima a Seulgi, praticamente grudada em suas costas.

- Então, foi tão ruim assim andar de moto?

- Você me prometeu que não ia correr.

- Mas não corri, em situações normais ando muito mais rápido que isso.

Seulgi só podia estar de brincadeira,
ninguém anda tão rápido assim de moto pela cidade né?! Ou será que andam? Se fosse assim teria que dar uns puxões de orelha nela. Aquilo era perigoso.

Foram até a entrada do supermercado e pegaram um carrinho. Irene também tinha que pegar umas poucas coisas, mas seria rápido.

- Vamos pegar suas coisas primeiro. Já vou dizendo o que vai na receita.

Foram caminhando entre as prateleiras, pegaram leite, ovos, óleo e farinha, depois passaram na área dos lacticínios, pegaram queijo e requeijão para o recheio. Seulgi era viciada em todo tipo de queijo, queria panquecas desse sabor. Estava passando pela área onde fica os achocolatados, quando Seulgi parou por ali e ficou olhando.

- Hey Irene, dá para fazer panqueca de chocolate?

- Não sei, nunca tentei, mas podemos testar.

- Ahhh, que perfeito. Testes culinários na minha cozinha. Estou eufórica!

E estava mesmo, era possível perceber a alegria só de olhar naqueles olhos verdes que parecia maiores quando ela ficava feliz.

Já havia pegado tudo, Seulgi até
aproveitou para levar algumas coisas a mais pra casa, umas barras de cereais, uma garrafa de vinho e comida congelada. No momento que se dirigiam até o caixa, Irene lembrou das batatas que precisava pegar, avisou a Seulgi

- Preciso ir pegar algumas batatas, pode me esperar?

Irene ficou totalmente surpresa, quando Seulgi falou num tom meio cantando e meio brincalhão.

- E se você não demorar muito, posso
espera-la por toda a minha vida.

Quando notou a completa confusão no rosto de Irene, se adiantou em esclarecer.

- É uma frase de Oscar Wilde.

Sem saber o que dizer de imediato, correu para pegar as batatas, Seulgi ainda não havia passado no caixa, estava esperando por ela.

- Por que ainda não passou, Seulgi?

- Porque disse que ia te esperar.

Passar no caixa demorou bem mais do que a paciência costuma suportar, mas por fim estavam lá fora. Apesar de já ser quase inverno, às tarde eram ainda bem quentes.

- Vamos tomar um sorvete? Tem uma barraquinha ali perto.

- Estou morrendo de calor. Mas acho que meu dinheiro não vai dar para o sorvete.

- Deixa disso Irene, eu pago. É só um palito, não precisa se preocupar.

Deixaram a moto no estacionamento do mercado e foram comprar o sorvete, Seulgi quis de abacaxi e Irene de chocolate, sentaram em um banco que ficava debaixo de um grande ipê amarelo que fazia uma sombra deliciosa naquele calor infernal. Irene queria saber mais sobre a frase.

- Aquela frase que você disse antes, quem é o autor mesmo?

- Oscar Wilde. Conhece?

Tentou puxar pela memória, aquele nome não era cem por cento estranho, então se lembrou havia começado a ler um livro desse autor ainda quando ainda estudava, mas não chegou a terminar.

- Eu me lembro de ter começado ler um livro dele, mas não terminei, lamentei ficar sem saber o final.

- Consegue lembrar qual livro era?

- O nome não, mas lembro que era sobre um rapaz que ganhou um quadro e depois não envelhecia mais.

- Nossa, eu sei que livro é esse, O retrato de Dorian Gray. Adoro esse livro. Você lê bastante, Irene?

Deu um suspiro, nossa como ela adoraria poder ler mais, sem ter que esconder os livros, ela adorava ler.

- Quase não leio nada Seulgi, na mente de Sehun tudo é pecado. Às vezes leio escondido algum livro que pego na biblioteca, mas tem sido bem raro. Seulgi pega na mão de Irene e tentar conforta-la.

- Isso não é justo baby, você deveria poder ler o que quisesse.

O toque da mão quente de Seulgi sobre a sua parecia queimar, mandar ondas de carinho direto para alma dela, não queria soltar aquela mão nunca mais, mas precisou, o sorvete começa a escorrer do palito.

- Então, gostaria de acabar de ler o Retrato de Dorian Gray?

- Gostaria muito, mas não quero correr mais o risco dele se zangar.

A outra se manteve calada por alguns
minutos e então disse de forma triunfante.

- Eu tive uma ideia, Irene. Você pode ler na minha casa, todas as tardes, tenho vários livros e tenho esse do Oscar Wilde também. Eu saio para trabalhar e deixo a chave extra com você, é só entrar e aproveitar.

- Mas Seulgi, eu ficaria sozinha na sua casa.

Um sorriso deslumbrante se abriu no rosto de Seulgi antes dela responder.

- Eu confio em você, pode entrar em minha casa a hora que quiser.

Pegou o chaveiro e tirou uma chave extra dele e entregou para Irene.

- Aqui está. Agora mi casa, su casa.
Aproveite. Agora vamos, estou morrendo de vontade de comer essas panquecas logo.

E lá foram as duas de moto para casa,
mais uma vez com Irene grudada nas costas de Seulgi, mas dessa vez aproveitando a sensação boa que aquela proximidade causava.

A Mulher Do Pastor - SeulReneOnde histórias criam vida. Descubra agora