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- Lina! - Não me contenho quando vejo a menina correr em minha direção com os braços abertos, abrindo os meus enquanto abaixo um pouco para recebe-la, a apertando com força assim que nos encontramos. Mantenho Lina em meu aperto por alguns instantes, acariciando os fios avermelhados que brilham contra a luz do sol.

- Eu senti saudade. - Ela resmunga com a voz abafada contra mim e nos separamos. A encaro com atenção por alguns segundos e de fato, ela está bem. - Sasha me ensinou a atirar com o arco.

Ergo meus olhos para a garota que acaba de chegar até nós, afobada. Ela arregala os olhos para mim e coça a nuca, sem graça.

- É difícil manter alguém da idade dela entretido em um quartel. - Se justifica, mas não posso deixar de soltar uma risada anasalada. Lina está bem e parece feliz, não há muito o que dizer para a garota.

- Obrigada por cuidar dela. - As palavras parecem arranhar minha garganta enquanto se projetam para fora. As pronuncio devagar e em resposta, Sasha apenas assente, saudando seus superiores ali presentes e se retirando logo em seguida.

- Eu senti muito mais saudade. - Digo baixinho para Lina, apertando uma de suas bochechas, fazendo-a se desvencilhar do aperto com uma risada.

Ela abre a boca para dizer algo, mas é interrompida pelo breve pigarro de Levi logo atrás de nós, que faz um sinal com a cabeça para que sigamos ele e Erwin, que caminha ao lado do Capitão sem dizer uma palavra. Havia sido decidido que eu seria médica da Divisão de Reconhecimento, o que me causa certa inquietação, afinal não sei o que esperar. As pessoas simplesmente me aceitariam ali? Não questionariam seus superiores em colocar uma estranha para cuidar de sua saúde? A ideia de que eles simplesmente me deram um voto de confiança não faz sentido, logo prefiro acreditar que eles sabem o que estão fazendo, afinal, aquelas pessoas haviam derrubado o Titã Colossal.

- O quanto sabe sobre nós? - A voz de Erwin corta o silêncio enquanto caminhamos pelo corredor de pedra do castelo. Resmungo antes de responder, dividida entre o ouvir e observar o local com atenção.

- O suficiente, eu acho. - Respondo. - A forma como organizam seu exército e o equipamento anti-titã.

- Vai precisar aprender a usá-lo.

- O quê? - Quase engasgo em minha própria saliva. Já havia sofrido o suficiente com Ethan gritando em meus ouvidos todos os dias quando me ensinava a atirar. - Eu não tenho aptidão para isso.

- Muito menos equilíbrio. - Ouço Lina resmungar e lhe dou uma breve cotovelada.

Os dois homens param de caminhar e se viram para nós. Levi cruza os braços na frente do corpo e suspira.

- Então você deve ser rápida, porque vai ter que fugir dos titãs correndo. - O baixinho diz, irritado.

- Titãs? Eu sou só uma médica. - Ergo as mãos na frente do corpo, recuando um passo assustada com o rumo que a conversa toma.

- Ninguém aqui é só alguma coisa, senhorita. - Levi continua. - Olhe em volta, quase não temos pessoal. E onde acha que precisamos mais de um médico? No quartel ou fora das muralhas?

Engulo a seco e permaneço em silêncio apenas para não precisar admitir que ele está certo. Ambos voltam a caminhar e após dois lances de escada, estávamos no andar dos dormitórios, segundo Erwin. É aonde eu e Lina vamos ficar. Ainda me surpreende o fato de não estar acorrentada ou em uma cela, entretanto, opto por não pensar demais acerca disso para não ficar paranoica de um dia para o outro.

- Podem se instalar. - Erwin para em frente ao quarto e abre a porta de madeira escura, revelando o cômodo razoavelmente grande com uma cama em cada parede, acompanhadas de escrivaninhas e cômodas. - Sintam-se livres para sair também.

Lionheart I Erwin SmithOnde histórias criam vida. Descubra agora